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sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Mais um acusado de chefiar milícia tem conexão com a ministra do Turismo, Daniela Carneiro

Sexta, 06 de Janeiro de 2023

Foto: reprodução

Outro acusado de chefiar uma milícia fez campanha e pediu votos para a ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil), a Daniela do Waguinho. Fábio Augusto de Oliveira Brasil, o Fabinho Varandão, réu na Justiça sob a acusação de comandar um grupo paramilitar que monopoliza o sinal clandestino de TV e internet e a venda de gás de cozinha em dez bairros de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, participou de caminhadas, eventos em clubes e de um comício da então candidata a deputado federal na cidade, em setembro de 2022. Todas as atividades foram em locais que, segundo o Ministério Público do Rio (MP-RJ), são dominados por seu grupo.

“Orgulho em dizer que a nossa querida deputada federal Daniela do Waguinho foi anunciada como a nova ministra do Turismo pelo nosso presidente Lula”, postou ele numa rede social após a ministra ser anunciada pelo presidente Lula.

Brasil é vereador de Belford Roxo e foi preso em dezembro de 2018, numa operação da Polícia Civil e do MP-RJ. Segundo a decisão que decretou a prisão, da juíza Alessandra da Rocha Lima Roidis, da 1ª Vara Criminal de Belford Roxo, “imagens de câmera de segurança revelam que Fabinho Varandão impõe o terror no município, pois circula armado na região e conta com proteção de seguranças”.

Na ação que culminou na prisão de Brasil, a polícia apreendeu três armas, um colete à prova de balas e R$ 70 mil em espécie. Ele responde pelos crimes de extorsão e porte ilegal de arma de fogo.

Cargos na prefeitura

Ele foi solto em julho do ano seguinte e, desde então, responde ao processo em liberdade e precisa comparecer mensalmente ao fórum da cidade. Em 2020, ele foi reeleito como vereador mais votado de Belford Roxo, após fazer campanha junto com o prefeito Wagner Carneiro, o Waguinho, marido da ministra. As acusações não impediram Brasil de ganhar vários cargos na Prefeitura de Belford Roxo após a reeleição. Desde 2021, ele foi nomeado, pelo prefeito, secretário de Defesa Civil, da Pessoa com Deficiência e, em maio do ano passado, de Ciência e Tecnologia.

Suas redes sociais são repletas de fotos com Daniela e Waguinho, assim como postagens de apoio e em agradecimento à dupla. “Estar em meio aquela multidão em pleno Lote XV, compartilhando com toda a nossa gente as melhorias que este lugar e tantos outros de nossa querida Belford Roxo receberam. Um momento histórico de prestação de contas da atuação dos nossos queridos deputados, a federal, Daniela do Waguinho, e o estadual, Marcio Canella, que se dedicaram irrestritamente a esta cidade através de seus mandatos e tudo o que esteve ao seu alcance”, escreveu Fabinho em setembro passado, após um comício no bairro Lote XV.

O miliciano Juracy Alves Prudêncio, o Jura, também fez campanha para Daniela e ganhou cargos na prefeitura. O ex-policial militar, condenado a 22 anos por homicídio, entregou santinhos ao lado da ministra numa passeata na Baixada Fluminense em 2018. Na época, Jura estava preso em regime semiaberto, mas conseguiu autorização da Justiça para sair da cadeia para trabalhar e ganhou o cargo de Diretor do Departamento de Ordem Urbana na prefeitura de Belford Roxo.

A ministra, o marido e o miliciano também posaram juntos para fotos feitas em outros momentos, como uma festa infantil. Segundo as sentenças que condenaram o ex-sargento da PM entre 2010 e 2014, Prudêncio era chefe do Bonde do Jura, uma milícia acusada de uma série de homicídios na Baixada Fluminense. Ele está preso desde 2009, quando foi o principal alvo da Operação Descarrilamento, da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), que levou para trás das grades nove PMs acusados de integrar a milícia que ele chefiava.

Daniela Carneiro foi procurada para comentar, mas ainda não se manifestou. Já a Prefeitura de Belford Roxo afirmou que “o nome do vereador não teve nenhum impedimento por parte da Justiça para assumir o cargo” e completou: “Sobre a prisão, compete à justiça julgar o processo”.

O Globo

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