Sábado, 28 de Março de 2020
UMA ROLETA RUSSA. Esse comunicador vem dizendo há vários dias que foi nisso em que o presidente Jair Bolsonaro transformou o seu mandato em meio à grave crise vivida pelo País (e o resto do mundo) em meio à pandemia do novo Corona Vírus.
O capitão disse inicialmente que se tratava de uma crise criada pela grande mídia. Na época, há cerca de três semanas, estava bem acompanhado, por ninguém menos que Donald Trump e o primeiro-ministro inglês Boris Johnson. A frase foi dita em uma viagem aos Estados onde o presidente brasileiro e comitiva despacharam e até jantaram com Trump. O resultado da viagem todo mundo já sabe: só mesmo Bolsonaro escapou do Covid 19. Testou e retestou negativo.
Em três semanas o mundo parou parando, algo inimaginável até em período de guerra armada.
Números atualizados na manhã deste sábado, 28 de março mostram que o todo poderoso Estados Unidos tem no momento quase 105 mil casos confirmados. Donald Trump mudou o discurso e hoje pede pra todos ficarem em casa e Nova York arde com o vírus (concentra quase a metade dos casos confirmados no País) e a falta de respiradores e ventiladores mecânicos. A mais cosmopolita das cidades passou a ser considerada o novo epicentro da doença e é o retrato do que a falta de isolamento social faz com quem desdenha do poder de alta propagação do Corona Vírus. E até Johnson, que também subestimava o novo vírus e fazia questão de visitar hospitais, apertar as mãos de pessoas e até de doentes, foi infectado, está em isolamento e pede a todos os súditos da Rainha que agora também fiquem em casa. Um levantamento atualizado nesta manhã de sábado mostra que o Covid 19 já levou à morte mais de 28 mil pessoas ao redor do mundo.
No Brasil, enquanto Messias desdenhava da crise, os governadores e prefeitos – das grandes metrópoles como São Paulo e Rio às pequenas cidades do interior – foram adotando suas providências. Amparados pelas recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde e alertas dos especialistas, determinaram o isolamento social, paralisaram as atividades do comércio, proibiram aglomerações. Shoppings foram fechados, cinemas e outros locais de entretenimento deixaram de funcionar. Tudo parou.
SÓ MESSIAS NÃO PAROU DE FLERTAR COM O ABISMO
Pelo contrário: dobrou a aposta. Fez um novo pronunciamento. Renovou as críticas a governadores e prefeitos. O homem que se elegeu com o slogan “O Brasil acima de tudo, Deus acima de tudos”, partiu para a fase “Contra Tudo e contra Todos”.
Está sozinho, com a sua equipe batizada de “Gabinete do Ódio” e seu exército nas redes sociais. Seu pronunciamento foi reprovado por quase todo mundo e pelo mundo inteiro. De forma sutil e branda pelos técnicos do Ministério da Saúde que, a exemplo do eficiente, porém constrangido ministro Mandetta, não podem discordar do presidente abertamente, mas continuam dizendo que o isolamento social é importante e a melhor maneira para a contenção do vírus.
Pregando contra o isolamento social, Bolsonaro se isolou. Foi duramente criticado por governadores, prefeitos, congressistas, especialistas, médicos e suas entidades, OAB, Igreja Católica e até no Judiciário. Verdade que várias criticas dessas de FORMA OPORTUNISTA, RASA E COVARDE.
Algumas de suas medidas contra o isolamento foram derrubadas na Justiça. Perdeu aliados até mesmo entre aqueles, que o acompanhavam desde 2015, perdeu também alguns poucos veículos de comunicação que restavam do lado dele, aliás, a imprensa a quem ele atribuiu a onda de pânico e histeria.
Para completar a aposta, imitou a péssima ideia do prefeito de Milão, Giuseppe Sala, que em 27 de fevereiro compartilhou o vídeo da campanha “Milão não para”. Até camiseta usou.
Naquela data, o vídeo explodia nas redes sociais. A Itália tinha 14 mortes e 528 casos confirmados. Quem explodiu depois foi o vírus. A região da Lombardia tinha, até esta sexta-feira, 27 de março, 5.402 mortes, 59 por cento das 9.134 vítimas fatais em território italiano. E Sala foi a uma rede de televisão admitir o erro e pedir desculpas. Passado o caos na cidade, deverá renunciar o mandato de prefeito.
No Brasil, Bolsonaro insuflou sua trupe. Em Natal vai ter carreata em favor da reabertura do comércio e da volta ás atividades econômicas. O movimento “O Brasil não pode parar” dividiu as redes sociais. Até mesmo setores do próprio governo já revelam incômodo com o comportamento do chefe.
Isolado mas falante, Bolsonaro paga pra ver. Se estiver certo e o Brasil passar sem maiores danos pela crise, vai pavimentar seu projeto político de se reeleger em 2022, e com facilidade e a oposição morta. E poderá até mesmo se beneficiar das medidas de isolamento e prevenção que tanto crítica, adotadas por adversários OPORTUNISTAS como os governadores Witzel e Dória.
Se estiver errado, e o Brasil vivenciar algo perto – não precisa ser igual ou superior – da situação enfrentada por países como a Itália (87 mil infectados) e a Espanha (72 mil contaminados) será responsabilizado politicamente. E até criminalmente, como ameaçam os signatários do documento da Frente Nacional dos Prefeitos, que administram cidades onde vivem 61 por cento da população brasileira.
As apostas estão na mesa. Bolsonaro não dá sinais de recuo. O vírus também não. Se Messias errar, o SUS vai viver um colapso inédito e brutal e vai faltar caixão e cova para enterramos os mortos.
E o presidente que chegou ao poder encarnando o Salvador da Pátria, será conhecido como o Profeta do Caos.
Ao fazer escárnio com a Pandemia e minimizar seus efeitos no País, Bolsonaro exagerou.
Tratou a doença como “gripezinha” e “resfriadinho”. Sambou na cara da sociedade. Desdenhou da dor de quem já perdeu entes queridos.
Com suas atitidudes, deflagrou um movimento que pede a sua cabeça. Parlamentares que o apoiaram já o criticam abertamente. Governadores que o apoiaram já romperam e dizem que não seguirão suas orientações. Dizem que o Brasil precisa de uma liderança responsável e séria como Ronaldo Caiado, aliado de primeira hora.
O movimento a favor do impeachment cresce a cada dia. Neste tabuleiro de xadrez, é bom prestarmos atenção no movimento de peças como os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, respectivamente. E também no vice-presidente Hamilton Mourão.
Até mesmo setores militares, com cujo apoio Bolsonaro parece contar para tentar adotar medidas contra o isolamento, que ferem frontalmente a Constituição, não dão sinais de que vão embarcar junto com o comandante-em-chefe das Forças Armadas.
Rodrigo Maia disse esta semana que prefere não acreditar que todo mundo está errado e somente o presidente está certo. Não é exagero dizer que o Presidente da República deve ter informações que ninguém tem. Mas a sua aposta assusta até mesmo sua equipe. Quem, afinal, está certo?
Bolsonaro está cada vez mais sozinho na sua aposta. Seu ídolo Donald Trump, que tem muito maior cacife (e também muito a mais perder) conseguiu que o Congresso dos EUA aprovasse um pacote econômica superior a 2 trilhão de dólares e agora defende que a prioridade é a garantia da vida e da segurança dos americanos e, em seguida, proteger a economia.
O presidente chegou a afirmar nesta sexta que não acredita nos números de mortos pelo COVID no Brasil e na própria Itália, acha que pode ter componente político por trás no Brasil.
Isolado, Messias não hesita em desautorizar ou criticar quem pensa diferente. Confrontado com a opinião do vice Mourão, que defende o isolamento social, saiu com a seguinte frase: “O presidente sou eu, pô!”
É verdade também que o Presidente tomou medidas importantes para socorrer praticamente todos os setores produtivos e os informais, mas tem que chegar na ponta o máis rapido possível, porque se não, até esses se revoltarão e também “serão oposição”.
O tempo, que é o senhor da razão, vai mostrar quem está certo. Se Bolsonaro com sua eloquencia beirando a irresponsabilidade ou seus opositores que só almejam a cadeira que ele ocupa.
OBS: Só para constar, sou defensor intransigente da cadeia produtiva, das empresas funcionarem e do comercio fluir. Mas no seu devido tempo e com responsabilidade. Qualquer ação dessa natureza nos próximos dias será irresponsabilidade.
BG – Bruno Giovanni
Parabéns bozolóides…
Muuuuuuuuuuu