Sábado, 12 de outubro de 2015
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu não comentar o pedido feito pela Polícia Federal ao Supremo Tribunal Federal (STF) para colher o depoimento do petista no inquérito que apura o envolvimento de políticos no esquema da Lava Jato.
Segundo o assessor do Instituto Lula, José Cipriniano, o ex-presidente vai aguardar uma notificação oficial para se posicionar a respeito do assunto. Lula está na Argentina, onde participou da agenda de campanha do candidato de Cristina Kirchner, e retorna ainda hoje ao Brasil.
Em documento entregue nesta quinta-feira (10) ao STF, o delegado Josélio Sousa, da Polícia Federal, considerou que Lula pode "ter sido beneficiado pelo esquema em curso na Petrobras, obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu governo, com a manutenção de uma base de apoio partidário sustentada à custa de negócios ilícitos na estatal".
A suspeita é baseada em depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef - delatores da Lava Jato. A PF destacou no inquérito o depoimento em que Costa afirma que "em razoão da envergadura do esquema de corrupção montado na Petrobras, acha muito pouco
provável que tanto o ex-presidente Lula, quanto Dilma Rousseff não
tivessem conhecimento do mesmo". Apesar de citada, Dilma não é alvo de investigações.
Em outro depoimento, o doleiro Alberto Youssef corrobora com a opinião de Costa, afirmando que o "alto escalão do governo tinha conhecimento" do esquema. Nenhum dos delatores, no entanto, apresentou provas concretas a respeito da relação de Lula com os atos ilícitos.
Segundo informações de outro delator, o ex-gerente da estatal Pedro Barusco, o esquema foi "institucionalizado na Petrobras no ano de 2003" - portanto no início do primeiro mandato do ex-presidente Lula.
"Neste cenário fático, faz-se necessário trazer aos autos as declarações do
então mandatário maior da nação, Luiz Inácio Lula da Silva, a fim de que apresente a sua versão para os fatos investigados, que atingem o núcleo político-partidário de seu governo", conclui o delegado Josélio Sousa.
Por não ocupar cargo público no momento, Lula não tem mais a prerrogativa de foro privilegiado. Assim, a solicitação poderia ter sido feita ao juiz federal Sergio Moro, que coordena os processos da Lava Jato na primeira instância, e não ao Supremo, conforme fez a Polícia Federal.
Ig
Fonte:J.Belmont