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sexta-feira, 2 de junho de 2023

Rosa Weber critica falta de mais mulheres no STF em dia de indicação de Zanin

 Sexta, 02 de Junho de 2023

Foto: Carlos Moura


Presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), a ministra Rosa Weber criticou a falta de mulheres na corte nesta quinta-feira (1º), dia em que o presidente Lula (PT) anunciou ter escolhido seu advogado, Cristiano Zanin, para preencher uma vaga no tribunal.

As declarações de Rosa ocorreram durante reunião no Supremo com o presidente da Finlândia, Sauli Niinistö, que realiza visita oficial ao Brasil.

Rosa abordou o tema ao perguntar ao finlandês como era a representação de mulheres no Judiciário do país. Disse que ela era a primeira magistrada de carreira no STF. Afirmou ainda que o número de mulheres nos tribunais superiores é ínfimo.

“Aqui no Brasil nós temos muitas mulheres na base da magistratura, na Justiça em primeiro grau, mas o número decresce no intermediário. Na cúpula, nos tribunais superiores, o número é ínfimo”, disse Rosa.

Entre os 10 atuais ministros, apenas Rosa e Cármen Lúcia são mulheres. Além das duas, o STF teve apenas outra mulher entre seus integrantes: Ellen Gracie, que foi citada pela ministra no encontro.

O presidente da Finlândia disse que era muito interessante o fenômeno que Rosa acabara de dizer e que, em seu país, nos anos 1980, quando ele mesmo ingressou para a carreira da magistratura, entravam muitas mulheres jovens e que agora a Finlândia tem mulheres “em todos os níveis”.

Até o horário da reunião com o finlandês, Rosa ainda não havia se manifestado sobre a indicação de Zanin.

A interlocutores Rosa também lamentou a escolha de dois homens para integrar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por Lula. A ministra avalia que as duas mulheres que estavam na lista elaborada pelo STF, as advogadas Daniela Borges e Edilene Lôbo, eram “ótimos quadros”. Daniela é presidente da seccional da OAB na Bahia e Edilene Lobo é de Minas Gerais e já advogou para o PT.

O advogado Floriano de Azevedo Marques e o ministro substituto André Ramos Tavares tomaram posse na corte eleitoral na terça (30). Eles são próximos ao presidente do TSE, o ministro Alexandre de Moraes. Rosa também tem dito que espera que uma mulher a suceda quando ela deixar a corte, em outubro deste ano.

Durante o encontro com o presidente finlandês, a ministra falou que houve uma invasão criminosa na corte, referindo-se aos ataques de 8 de janeiro. Ela afirmou que o tribunal foi reconstruído, mas que nem todos os bens materiais foram recuperados.

“Mas já houve condições de recebê-lo aqui e isso nos dá uma imensa alegria. O importante é que nossa democracia permanece inabalável e o nosso Estado democrático de Direito saiu fortalecido, com união de todos os poderes”, afirmou.

Mais cedo, Lula confirmou a indicação de Zanin para o Supremo. “Eu acho que todo mundo esperava que eu fosse indicar o Zanin não só pelo papel que teve na minha defesa, mas simplesmente porque eu acho que Zanin se transformará num grande ministro da Suprema Corte desse país”, disse o presidente.

E prosseguiu: “Conheço as qualidades como advogado, conheço as qualidades dele como chefe de família e conheço a formação dele. Ele será um excepcional ministro do STF se aprovado pelo Senado e acredito que será e acho que o Brasil vai se orgulhar de ter o Zanin como ministro da Suprema Corte.”

Lula havia se encontrado com o advogado na noite desta quarta-feira (31), no Palácio do Planalto, e avisou autoridades, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que anunciaria a escolha para a vaga.

Paulista de 47 anos, Zanin tornou-se advogado de Lula em 2013 e ficou conhecido por defender o petista nos processos da Lava Jato.

Caso aprovado pelo Senado, Zanin assumirá a cadeira deixada por Ricardo Lewandowski, que completou a idade limite para atuar na corte em 11 de maio, mas antecipou a aposentadoria para abril.

Em quase 40 anos de redemocratização no Brasil, a cúpula da República contou com 66 homens e só 4 mulheres —uma proporção de 16,5 para 1— e continua até hoje comandada majoritariamente por representantes do sexo masculino.

Nesse período, apenas Dilma Rousseff (PT) foi eleita presidente da República, enquanto sete homens passaram pelo comando do Poder Executivo. A petista ainda acabou sendo destituída do cargo em 2016, após sofrer um processo de impeachment mais de dois anos antes do fim de seu segundo mandato.

O Legislativo nunca teve desde a redemocratização uma mulher como presidente da Câmara dos Deputados ou do Senado —foram 18 e 15 ocupantes do posto, respectivamente, nesse período, todos homens.

Folha de São Paulo

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