martins em pauta

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Fala, Marco Aurélio Mello!

 Quinta, 12 de Janeiro de 2023

 

“Estou estarrecido e a única indagação que faço é: onde esteve o ESTADO que não previu isso e não tomou as providências cabíveis? Refiro-me ao Estado como um grande todo, não apenas ao governo do Distrito Federal. É algo impensável ter o STF depredado, ter o Congresso Nacional depredado, como ocorreu. Vamos fechar o Brasil para balanço.
Não lembra o Capitólio porque foi muito pior do que houve no Capitólio. Lá teve resistência. E a repercussão internacional aqui é péssima.
A INSEGURANÇA JURÍDICA É TOTAL para o Brasil. Que investidor estrangeiro vai pensar disso aqui? Que é uma república das bananas.
Os RESPONSÁVEIS ESTÃO NO BRASIL, no território nacional, considerando as forças repressivas, as Forças Armadas. BOLSONARO não tem o domínio dessas forças que estão na rua. ELE NÃO TEM CULPA, está a quantos quilômetros daqui?”

Falhou todo mundo, e começou a falha no próprio STF, QUANDO RESSUSCITOU POLITICAMENTE O EX-PRESIDENTE LULA, DANDO O DITO PELO NÃO DITO; QUANDO ENTERRARAM A LAVA JATO, QUANDO DECLARARAM A SUSPEIÇÃO DO SÉRGIO MORO, que veio a ser resgatado politicamente pelo Estado do Paraná. O que começa errado, nós aprendemos quando garotos, não acaba bem”.

O que começou errado, pergunto eu?

Primeiro a atuação do STF visando não apenas o fim da Lava-Jato – que perigosamente já mirava alguns políticos fora do PT, caros a Gilmar Mendes, e até mesmo um ou outro ministro do STF –, mas, principalmente, o retorno ao poder da máquina corrupta (liderada por Lula) que ensejara mesmo o aparecimento da Lava-Jato. Visava-se, assim, a tranquilidade principalmente da parte podre do estamento político, mas não terminava aí.

Era imperioso dar um fim, para todo o sempre, à caça de bandidos, ladrões do suado dinheiro dos que trabalham e pagam impostos, inclusive os ladrões com assento no Congresso e em outras instituições federais.

A tranquilidade para essa gente passou a ser o objetivo maior da maioria do STF. Gilmar Mendes, que fora um dos chicotes do STF na condenação de bandidos na ação penal 470 (Mensalão), e impedira a construção, por Dilma Rousseff, de escudo para Lula (Dilma, para livrar o bandido-mor da cadeia, iria nomeá-lo Chefe de seu Gabinete, lembram?), deu uma guinada de 180º e tornou-se o pior (junto com Lewandowski, Toffoli, Celso de Mello e outros) inimigo da Lava-Jato. A partir daí, o projeto de trazer o ‘Princeps Corruptorum’, Lula, de volta ao poder, junto com o seu bando, tornou-se prioridade política majoritária do STF.

Este projeto foi muito bem sucedido, diga-se de passagem. Primeiro mudou-se a jurisprudência (criada há coisa de dois anos antes) da prisão após condenação em segunda instância. Na época, penso, ninguém se deu conta de que este fora o grande passo do projeto. Depois, num ato de suprema (sem ironia) cara de pau achou-se que o foro originário que julgou Lula não seria Curitiba, mas outro que, no momento, nem sabiam qual seria. Isto tudo após os processos de Lula terem sido julgados no TRF4 (Porto Alegre) e STJ, Brasília. E isso tudo como se a Justiça Federal de Curitiba fosse diferente (ou menos justa, sei lá) do que a mesma Justiça Federal em qualquer outra região do País. Em suma, haja cara de pau! Haja falta de vergonha!

Não bastasse isso as eleições de outubro passado foram um exemplo de parcialidade e embuste, dignos das mais caricatas ditaduras latino-americanas, como as de Cuba, Venezuela e Nicarágua. Até proibição de chamar Lula de ladrão e ex-condenado houve, entre outros primores autocráticos, como tapinhas íntimos na cara de ministro do TSE e, joia da coroa da falta de vergonha, a frase do mesmo ministro, na diplomação de Lula: “Missão dada, missão cumprida!” Sim, a missão que o STF assumiu para si mesmo fora finalmente cumprida a contento. Este deve ter sido o começo de tudo o que pode ser considerado errado e que não acaba bem, como falou Marco Aurélio.

Mas o pior está ainda para vir. Ainda este ano, Lula poderá indicar mais dois ministros para o STF. (Fora os que indicará para outras cortes superiores) Certamente não terão mais competência jurídica nem mais pudor do que os já nomeados anteriormente por Lula e Dilma. Certamente apenas levarão o STF (e outras cortes) a ser menos amado e menos respeitado do que já é.

Lewandowski, segundo notícias na imprensa, já está conversando com Lula sobre nomes a sucedê-lo e a Rosa Weber. Vejam que coisa aviltante: um ministro de suprema corte conversando com o presidente da República sobre a indicação de sucessores. Se contarmos isso a um cidadão de uma democracia consolidada, com certeza ele não entenderá. É absurdo demais, subdesenvolvido demais, ridículo demais, esculacho demais, bananeiro demais! Fico pensando em quem Lewandowski recomendou a Lula para sucedê-lo: será o Benedito?

Em suma, o que parecem pensar os ministros do STF que trouxeram Lula de volta à cena do crime? O Brasil que se lixe! O que interessa é que a ‘perseguição’ a ladrões do dinheiro público foi interrompida para sempre. A perseguição agora é a cidadãos de bem. É o que penso.

Foto de José J. de Espíndola

José J. de Espíndola

Engenheiro Mecânico pela UFRGS. Mestre em Ciências em Engenharia pela PUC-Rio. Doutor (Ph.D.) pelo Institute of Sound and Vibration Research (ISVR) da Universidade de Southampton, Inglaterra. Doutor Honoris Causa da UFPR. Membro Emérito do Comitê de Dinâmica da ABCM. Detentor do Prêmio Engenharia Mecânica Brasileira da ABCM. Detentor da Medalha de Reconhecimento da UFSC por Ação Pioneira na Construção da Pós-graduação. Detentor da Medalha João David Ferreira Lima, concedida pela Câmara Municipal de Florianópolis. Criador da área de Vibrações e Acústica do Programa de Pós-Graduação em engenharia Mecânica. Idealizador e criador do LVA, Laboratório de Vibrações e Acústica da UFSC. Professor Titular da UFSC, Departamento de Engenharia Mecânica, aposentado.


Fonte: Jornal da Cidade Online

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