martins em pauta

domingo, 30 de março de 2014

Surfista marrento

 "E essa bateria descarrega quando?” É o questionamento que o comerciante Marcel Soares do Nascimento, 30 anos, faz ao filho Victor Santos, 04 anos, durante a entrevista para esta matéria. O garoto, foco da conversa, não conseguia parar de “surfar” com a barriga sobre uma das cadeiras da redação enquanto a entrevista acontecia. Sempre que era questionado sobre qualquer coisa, ele apresentava a mesma resposta: “não sei”. Afinal, o que ele sabe é surfar e gastar sua energia com isso.
Emanuel AmaralCom o incentivo dos pais, Victor Santos começou a surfar há seis meses. Nas praias que frequenta para praticar o esporte (Ponta Negra e Pipa) chama a atenção pela boa técnica com tão pouca idadeCom o incentivo dos pais, Victor Santos começou a surfar há seis meses. Nas praias que frequenta para praticar o esporte (Ponta Negra e Pipa) chama a atenção pela boa técnica com tão pouca idade

Há seis meses, desde quando o pai ensinou-o a surfar, o garoto virou atração das praias por onde passa. Natural de São Paulo, o filho da pernambucana Wilma Lopes, 36 anos, chama a atenção de crianças e adultos nas praias de Ponta Negra ou Pipa (suas favoritas) quando esta sobre a sua prancha. “Alguns pais vêem ele surfando e pedem para tirar uma foto para mostrar aos filhos e incentivá-los para a prática de alguma atividade física”, diz a mãe.

A família fixou-se na capital potiguar há cinco meses e, desde então, o garoto divide seu tempo entre a escola, onde Victor está cursando a alfabetização, o surf, o ciclismo, quadriciclo e o skate. Diferente da maioria das crianças,  o garoto não gosta de brincar com os brinquedos convencionais. Seus divertimentos restringem-se aos esportes radicais e qualquer outra atividade em que o seu corpo esteja em movimento.

No que diz respeito às atividades aquáticas, o garoto pode ser considerado avançado em relação aos demais da sua idade. Aos nove meses já praticava natação, aos dois anos e meio já sabia nadar sozinho sem ajuda de nenhum aparelho de apoio, como bóias ou coletes. “Ano passado a gente estava na casa de um amigo, então ele pegou um anel e jogou na piscina de três metros de profundidade. E depois disse “pega lá Victor’”, o pai, orgulhoso, completa a história revelando, que apesar do desafio, ninguém acreditava que o garoto fosse ao menos tentar o feito. “Ele desceu uma vez não achando, a gente disse: para deixar pra lá. Ele desceu a segunda vez e quando voltou estava com o anel na mão”, finalizou Marcel.

O surf entrou na vida do garoto através do pai, que já pratica o esporte desde os 15 anos, chegando a participar de algumas competições do circuito amador. Porém, a iniciativa de subir na prancha veio do garoto, que vendo seu mentor nas ondas pediu para tentar também subir nela. “Coloquei ele em pé na prancha, e quando soltei o Victor foi sozinho de primeira”, completou Marcel. Quando o garoto começou a pedir muito para ir surfar com frequência, o pai passou a treiná-lo, com técnicas básicas de como ser levado pela onda sem correr  perigo de afogamento, e ficar em pé. Todavia, o pai garante que não existe pressão, e o garoto tem a liberdade de tomar qualquer rumo quando ficar mais velho. “Para ele o surf ainda é uma brincadeira, um divertimento”, completa Marcel.

A família que vive em Natal, mas também tem casa em Pipa, revela que as amizades do garoto são basicamente os amigos de surf, porém, todos são bem mais velhos que ele. “Eles apostam corrida e bateria quando estão surfando”, revela a mãe. Mas a faceta “marrenta” do garoto começa a se revelar em momentos como esses. “Ele é muito marrento”, diz Marcel. Ele chega em lugar e faz amizade com todo mundo, se dá bem com todo mundo, mas se um garoto tenta fazer algo com ele, o Victor vai logo pra cima sem medo da idade”, revela o pai.

Na escola, toda essa energia, gera dor de cabeça para os professores e responsáveis. “O tio da perua (transporte escolar) e a coordenadora da escola falam que ele é eletricidade pura”, diz Wilma. Tanta eletricidade que até surgiram reclamações. “Ele estava pendurado na escada da escola e a professora morrendo de medo dele se machucar”, como resultado a mãe colocou-o de castigo. De fato, medo parece não ter muito significado para o garoto. Enquanto Victor continua surfando na cadeira, o repórter pergunta do que ele tem medo. E como recompensa, recebe a única resposta do garoto em toda a entrevista: “Eu não tenho medo de nada”, diz.

Os pais destacam que os praticantes do surf de Natal são bastante receptivos. Devido à estatura a própria prancha usada por Victor foi adquirida de um outro surfista mirim da capital, o pequeno Fabrício Rocha, que já brilha em campeonatos para crianças. Enquanto isso, o filho de  Marcel já se prepara para o seu segundo campeonato na categoria petit, que acontecerá em Pipa no próximo dia 12 de Abril.


Fonte: Tribuna do Norte




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