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quarta-feira, 25 de março de 2020

ÁUDIO: Médico e ex-ministro Osmar Terra diz que é absurdo fechar tudo, crava datas e diz que epidemia de coronavírus vai acabar no país no início de junho; confira completo

Quarta, 25 de Março de 2020

Foto: Reprodução

Médico, ex-prefeito de Santa Rosa e ex-secretário estadual da Saúde, o deputado federal Osmar Terra (MDB), que esteve à frente da campanha contra o surto de H1N1 no Brasil em 2009, é uma das raras vozes dissonantes em relação às medidas restritivas que vêm sendo adotadas de parte a parte do planeta para tentar conter a propagação do coronavírus.

Em entrevista ao programa Sala do Cafezinho, da Gazeta FM 107,9, nessa terça-feira, 24, Terra disse que restringir a circulação de pessoas que estão fora do grupo de risco não irá impedir o avanço da pandemia e que o ideal seria concentrar as estratégias de proteção na população idosa. Para ele, é preciso considerar o impacto econômico que providências como o fechamento de lojas e empresas pode representar.

ENTREVISTA

Osmar Terra
Deputado federal e ex-secretário estadual da Saúde

Por que o senhor é contra as medidas de distanciamento social?

Vou fazer um vaticínio: nesse momento, já devemos ter 20% da população brasileira contaminada pelo vírus, umas 40 milhões de pessoas. E elas nem sabem e nunca vão saber se não fizerem o exame. O vírus infecta, a pessoa contamina por um período e depois desenvolve anticorpos. É assim que a epidemia termina. Um vírus para o qual não tem remédio nem vacina, teoricamente teria que só aumentar sem parar. Ele aumenta, em seis semanas geralmente estabiliza e aí começa a cair. Em 12 ou 13 semanas se cumpre o ciclo inteiro, entre o início da epidemia e o fim.

Mas o alcance do coronavírus não vem sendo maior?

Não tem diferença entre a curva da Covid-19 e a do H1N1. Eu olhei a curva do H1N1 no Rio Grande do Sul e foram exatamente 13 semanas. Na China, a epidemia já regrediu, então há como calcular e ver o comportamento do vírus. O que vai acontecer é que a epidemia vai aumentar muito rápido agora porque é a subida da curva, vão ser 300 ou 400 casos novos por dia e, ali pelo dia 24 de abril, vai começar a cair. E aí, no fim de maio ou início de junho, termina a epidemia. E por que termina? Porque mais da metade da população brasileira já vai estar contaminada. Mais de 99% da população vai ter contato com o vírus, vai ser infectada e não vai ter nem dor de cabeça. No H1N1, as pessoas que morreram eram jovens, grávidas e obesos. Os idosos, porém, não pegaram, mesmo sendo mais frágeis. E por quê? Porque o H1N1 tem um perfil genético muito parecido ao da gripe asiática, que atingiu o planeta nas décadas de 50 e 60. Então, todo mundo que nasceu nesse período estava imunizado. Vou fazer outro vaticínio: vai morrer mais gente de gripe sazonal só no inverno do Rio Grande do Sul do que de coronavírus em todo o Brasil.

Então há uma demasia nas medidas que estão sendo adotadas?

É um absurdo. Fechar sala de aula aumenta a epidemia, não diminui. Se não se contaminarem na escola, as crianças vão se contaminar de outra maneira. E quem vai cuidar delas em casa, se os pais têm que trabalhar? O vovô e a vovó, que são grupo de risco, e esses sim têm que ficar em isolamento porque têm risco de vida. E a criança, no colo do vovô e da vovó, vai estar transmitindo para eles sem nem saber. Na época do H1N1, eu fui pressionado a fechar tudo e não fechei. Isso é um crime, porque está liquidando com a economia.

Mas se afrouxar as orientações, não há risco de a situação piorar?

Vai afrouxar o quê se o vírus já está nas casas? A maioria das famílias brasileiras já tem uma pessoa infectada em casa e nem sabe. É assim que o vírus se transmite. Na Itália, no dia 9 de março, houve 1.580 casos novos. Naquele dia, decretaram quarentena total, ninguém podia mais sair na rua. E o que aconteceu? Os jovens portadores, sem saberem que estavam infectados, ficaram fechados em casa com o vovô e a vovó. E aí quem não tinha, pegou. Qual foi o resultado? Explodiu o número de casos. Doze dias depois, no dia 21, teve quase 5 mil casos em um dia, três vezes mais do que no dia em que começou a quarentena. Ou seja, as pessoas se contaminaram em casa, na quarentena. O vírus é uma força da natureza, vai se espalhar igual. O isolamento que estão fazendo na marra está funcionando no Brasil? Não está, a curva só aumenta dia a dia.

Então o senhor defende isolamento apenas para o grupo de risco?

Claro. Quando chegar a 50% da população, começa o que se chama em epidemiologia de efeito rebanho. As pessoas que têm imunidade viram uma barreira para o vírus continuar a progressão e protegem as pessoas que não foram infectadas ainda, por isso a curva cai. É o que vai acontecer na segunda ou terceira semana de abril e aí, no fim de maio ou início de junho, acaba a epidemia. Tem que ter, isso sim, um tratamento diferente com os idosos. Cuidar dos asilos, que são áreas de risco, lavar as mãos, suspender as visitas aos avós. Mas a população está apavorada e aí os prefeitos e governadores tomam medidas desnecessárias.

OUÇA entrevista completa aqui

Gazeta do Sul

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