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sexta-feira, 27 de março de 2020

Covid-19: Ministério faz balanço de 1º mês e evita 'simulações precoces'

Sexta, 27 de Março de 2020

por Gabriel Rios

Foto: Reprodução / Twitter


Após apresentar o balanço do primeiro mês desde a confirmação do primeiro caso do novo coronavírus no Brasil (veja aqui), o Ministério da Saúde evitou fazer “simulações precoces” para os próximos 30 dias. No entanto, o secretário-executivo da pasta, João Gabbardo dos Reis, acredita que será o próximo mês será “muito difícil” para o país.

"A previsão é de que teremos 30 dias muito difíceis. Não vamos começar a reduzir os casos em 30 dias, nossa estimativa é maior. A previsão é muito difícil de fazer, são simulações precoces neste momento. Quanto mais testes fizermos, maior será o número de casos confirmados, mas não faremos uma previsão de quantos casos e óbitos teremos em 30 dias. Porém, faremos o possível para termos o menor número possível", disse Gabbardo durante coletiva realizada nesta quinta-feira (26).

Já o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, avaliou os pontos positivos e negativos do governo nesses primeiros 30 dias da doença no país: "Como positivo, fizemos normatizações, aprovamos leis, decretos e portarias... Foi um volume de trabalho intenso nesses primeiros 30 dias. Mostramos que estamos no jogo e precisamos atuar. Conhecemos o problema agora. Já os negativos, vimos as necessidades de aprimorar o fluxo de notificação, ainda temos uma dificuldade muito grande com o registro da informação, por isso estamos lançando esse novo instrumento. A dificuldade de obtenção de equipamentos de insumos necessários para enfrentamento, toda essa questão de EPI's, que é o eixo central da nossa resposta, como o item como a máscara. Estamos trabalhando para poder deixar a resposta para o coronavírus, mas também um legado para o sistema epidemiológico no país”.

Wanderson ainda salientou que a dificuldade será maior, já que o país deve enfrentar no próximo mês os picos da dengue e da Influeza, além do coronavírus.

“Teremos três epidemias simultâneas: coronavírus, Influenza e Dengue, todos próximos do seu pico, então é fundamental que os cidadão eliminem focos de dengue e vacinem-se de acordo com o calendário. Temos muitos desafios, mas vamos aprender e superá-los", completou Wanderson.

Questionado sobre o número de óbitos no Brasil no primeiro mês -que é de 77-, ser maior que na Itália, que registrava 29 na mesma época, Gabbardo afirmou que a diferença não é significativa, e salientou que o trabalho é não deixar haver um crescimento abrupto no território brasileiro como aconteceu no país europeu.

"Essa diferença não é significativa. Começamos de uma forma, talvez menos lenta, mas em compensação a Itália teve um crescimento abrupto, que esperamos que o Brasil não tenha. Pode ser que nossa situação daqui uma semana seja melhor que a da Itália. Temos uma expectativa de que não teremos o mesmo número de óbitos em proporção do que a Itália está tendo", explicou Gabbardo.

O Brasil registrou nesta quinta os maiores números de casos confirmados e óbitos em um unido dia. Ainda assim, o secretário-executivo da pasta salientou que o número tem sido menor que o projetado.

"Tínhamos uma projeção nesses primeiros dias de termos determinado número de casos a cada dia. Esse número está até abaixo. Estamos ficando abaixo dos 33% que imaginávamos que poderíamos ter inicialmente. A nossa média de quando completamos o centésimo caso até agora é de 31%. A projeção para os próximos 30 dias não dá para fazer. Se começarmos a ampliar o número de testes teremos um grande número de casos, o que é normal", analisou Gabbardo.

O secretário Wanderson de Oliveira também afirmou ser precoce avaliar o impacto das medidas de prevenção que estão sendo feitas em todo o país, como o isolamento social e evitar aglomerações.

"Estamos ainda no início da epidemia. Como epidemiologista, eu digo que é muito precoce avaliar o impacto dessas medidas neste momento. Ainda é muito precoce, mas não tenho dúvidas que elas vão influenciar de alguma maneira. Avaliando os dados de São Paulo, observamos que houve um pequeno 'dentinho' nos números, mas ainda é precoce. Como estamos em Brasília, e não estamos vendo a realidade de cada um, será importante ouvir dos gestores locais sobre essas expectativas. Não sei, por exemplo, se essas medidas de São Paulo vão influenciar em outros estados, mas possivelmente sim. Mas ainda teremos que aguardar mais algumas semanas para poder avaliar isso com mais precisão", concluiu Wanderson.

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