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quinta-feira, 24 de novembro de 2022

INVESTIGAÇÃO NA FGV: Polícia Federal achou R$ 487 milhões em movimentações financeiras de diretores e familiares

Quinta, 24 de Novembro de 2022

Foto: Divulgação PF

Suspensa pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, a Operação Sofisma, da Polícia Federal, investigou movimentações financeiras atribuídas a dirigentes e ex-dirigentes da Fundação Getúlio Vargas e seus familiares que somam R$ 487 milhões. Deste total, quebras de sigilo identificaram pelo menos R$ 36 milhões enviados ao exterior, o que, segundo a PF, envolve o uso de contas em paraísos fiscais. Os investigados foram alvos de suspeitas de lavagem de dinheiro. Dados da investigação obtidos pelo Estadão citam o caminho do dinheiro público de contratos com a FGV e sua destinação a empresas supostamente de fachada atribuídas a tais executivos.

Os alvos da apuração afirmam que a Sofisma está repleta de irregularidades formais e se dizem vítima de perseguição dos órgãos de investigação. Eles alegam que o inquérito foi conduzido por juízo incompetente para analisá-lo. Também ressaltam que a delação do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), que abastece a investigação, foi rechaçada pelo STF.

Conforme as investigações, esses valores têm como origem contratos públicos da instituição de ensino com o poder público em diversas frentes, como obras de metrô do Rio de Janeiro, privatizações e comercialização e construção de prédios estatais com aportes de fundos de investimento da Caixa Econômica Federal. Nestes casos, a FGV foi contratada pelos órgãos públicos para auxiliar em licitações. Segundo a PF, diretores da FGV teriam recebido, por meio de consultorias, propinas das empresas contratadas pelos órgãos públicos. Há suspeita de gestão temerária no fundo de investimentos da Caixa, ou, no mínimo, desvios praticados por agentes da FGV e políticos envolvidos.

De acordo com a PF, o caso que envolve valores mais expressivos no exterior diz respeito ao ex-vice-presidente da FGV, Sérgio Franklin Quintella. Ao ex-dirigente, a PF atribui um saldo de R$ 34 milhões nas ilhas de São Vicente e Granadinas, no Caribe. Os investigadores encontraram transações de R$ 756 mil de uma consultoria contratada pela FGV Projetos à época em que a instituição prestou serviços para o governo Sérgio Cabral (MDB) para auxiliar na privatização do Banco do Estado do Rio.

Atual diretor executivo da FGV Projetos, Luiz Carlos Guimarães Duque vinha sendo investigado por receber R$ 5,6 milhões entre 2011 e 2016. A suspeita é que Duque utilizava empresas de fachada para recolher recursos pagos pelo consórcio contratado para construir a nova sede da Companhia de Águas e Esgoto do Rio de Janeiro.

A FGV foi contratada na condição de consultora de um fundo da Caixa Econômica Federal que fez aportes na obra, com o fim de assessorar na seleção da empresa que seria escolhida para o empreendimento. De acordo com a PF, as empresas que receberam a quantia milionária do consórcio não possuem funcionários e estão em nome dos filhos de Duque. Delator da Lava Jato do Rio e ex-braço-direito de Sérgio Cabral (MDB), Carlos Miranda afirmou que Duque era responsável também por pagar propinas ao núcleo político do governador.

Diretor da FGV Projetos entre 2003 e 2019, Caio Cesar Cunha Campos foi delatado por Cabral como um dos principais interlocutores entre a FGV e a “organização criminosa” de seu governo. Segundo as quebras de sigilo, sua empresa de consultoria, a Pacto, recebeu R$ 23 milhões da instituição – ele teria, conforme a PF, remetido ao menos R$ 233 mil para o exterior.

Estadão Conteúdo

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