Quinta, 16 de outubro de 2025
Embora o plano do governo Donald Trump para a Venezuela, que incluiria ações da CIA destinadas a enfraquecer o regime de Nicolás Maduro, não conste da pauta oficial do encontro desta quinta-feira entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, a expectativa de diplomatas é que o tema surja nas conversas. Segundo interlocutores, o governo brasileiro busca compreender os reais objetivos de Washington com a mobilização em curso, considerada preocupante por violar o direito internacional e ameaçar a estabilidade política regional.
Na quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos afirmou ter autorizado operações secretas da Agência Central de Inteligência (CIA) na Venezuela. Sob o argumento de que o país pretende combater cartéis de drogas, Trump declarou que estão sendo avaliadas, inclusive, ações terrestres contra o território venezuelano.
A reunião de Rubio com Vieira nesta quinta-feira em Washington tem o objetivo de preparar o encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Trump. O governo brasileiro espera que, com a retomada do diálogo entre os dois países, a Casa Branca adote gestos concretos para encerrar a crise diplomática, incluindo a suspensão das tarifas sobre produtos nacionais e a revogação das sanções contra cidadãos brasileiros.
Integrantes do governo destacam que, além das implicações geopolíticas, o movimento americano pode ter reflexos diretos no Brasil, que compartilha uma fronteira de mais de dois mil quilômetros com a Venezuela. Entre as preocupações está a possibilidade de uma nova onda migratória de venezuelanos em direção ao território brasileiro.
Em Brasília, a avaliação é que a escalada de ações dos Estados Unidos — iniciada com o envio de navios e tropas americanas para águas próximas ao Caribe — indica que a Casa Branca pretende remover Maduro do poder, vivo ou morto. Interlocutores que acompanham o tema consideram a estratégia equivocada e perigosa, por abrir precedentes que poderiam afetar outros países da região sob a justificativa de combate ao narcoterrorismo.
Em julho do ano passado, Maduro foi declarado vencedor de uma eleição amplamente contestada por diversos governos. Como o líder venezuelano não apresentou documentos que comprovassem sua vitória sobre o opositor Edmundo González — exilado na Espanha —, o resultado não foi reconhecido pelo governo Lula.
De volta à Casa Branca no início deste ano, Trump incluiu o cartel Tren de Aragua na lista de organizações terroristas. Em agosto, o governo americano aumentou para US$ 50 milhões a recompensa pela captura de Maduro, acusado de envolvimento com o tráfico de drogas.
O Globo
Opinião dos leitores
Voces acham mesmo que EUA irá ouvir e a opinião do Brasil é zero relevância. Vamos seguir no mundo de faz de contas da mídia brasileira querendo dar palanque internacional a Lula, ou seja NADA
O que danado o Brasil tem que se meter nessa contenda EUA x Venezuela?