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segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Advogado que foi sócio da mulher de Sérgio Cabral vira motorista de Uber

Segunda, 11 de Dezembro de 2017


Thiago Aragão, 35, cresceu ouvindo do pai, o taxista José Carlos, que ele deveria estudar “para não sentar no banco da frente do carro, como ele, mas no de trás”. Após 11 anos trabalhando no mesmo escritório de advocacia, ele parecia concretizar o desejo paterno.

Em 2013, ele tinha mesa e sala reservadas no novo escritório do advogado Sérgio Coelho, que acabara de romper a sociedade com Adriana Ancelmo, então primeira-dama do Rio. Convidado por ela a ocupar o posto do antigo sócio na banca, Aragão decidiu se desvincular do seu “pai no direito” e triplicou seus rendimentos na nova função.

Quatro anos depois, está no banco da frente de um Uber enquanto aguarda como réu sentença da Operação Eficiência, uma das 16 ações penais envolvendo o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).

“A divisão do escritório é um momento crucial. Olhando agora, se eu tivesse feito o mais fácil e saído, não estaria aqui. Mas o meu erro não foi ter aceitado a oportunidade. Foi depois”, disse Aragão.

O advogado se refere às notas superfaturadas emitidas pelo escritório de 2014 a 2016 contra o Manekineko, rede de restaurante de comida japonesa de seu ex-cunhado, Ítalo Garritano.

O valor repassado a mais pelo restaurante era, segundo Aragão, sacado das contas do escritório para posterior depósito a funcionários do Manekineko. O pagamento de salário “por fora” tinha como objetivo reduzir passivos trabalhistas da empresa, cliente do escritório, e “ajudar” o padrinho de sua filha.

As investigações indicaram que a lavagem via Manekineko movimentou R$ 3,3 milhões. O Ministério Público Federal, contudo, diz que boa parte do dinheiro vivo usado neste esquema vinha da propina arrecadada por Cabral, e não das contas do escritório. Foi uma forma, segundo os procuradores, de regularizar os recursos ilícitos do peemedebista por meio da firma da ex-primeira-dama.

“Cabral para mim nunca existiu. Nunca fui a Mangaratiba, nunca andei de helicóptero. Reconheço meu erro e não tem um dia que eu não peça perdão. Mas, naquele momento, não tinha dimensão de participar de uma organização criminosa chefiada pelo governador”, disse ao juiz Marcelo Bretas.

Aragão foi preso em janeiro e colocado na mesma cela de Cabral no Complexo Penitenciário de Gericinó.

“Minha primeira providência foi pedir ao diretor para mudar de cela. Eu não tinha proximidade com ele. Não era em Bangu que teria”, afirmou Aragão ao juiz.

A ação está pronta para sentença de Bretas e dirá se o advogado fazia ou não parte da organização criminosa.



Folhapress / Blog do BG

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