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sábado, 8 de março de 2014

Avanços e desafios marcam o Dia Internacional da Mulher

Elita Pereira: exemplo de mulher que ocupa hoje profissão tipicamente masculinaElita Pereira: exemplo de mulher que ocupa hoje profissão tipicamente masculinaQue a mulher não é mais o sexo frágil, a grande maioria já não tem dúvida. Elas vêm conquistando, cada vez mais, seu espaço na sociedade. Mas, diante de tantos avanços, ainda é possível identificar, no Dia Internacional da Mulher, uma série de desafios, que inclui a busca por respeito, autonomia, direitos, igualdade.
Para o sociólogo Aécio Cândido, um dos principais obstáculos enfrentados pelas mulheres atualmente diz respeito à própria formação de movimentos sociais que buscam a garantia de direitos. "Parte desses grupos, fechados, passa a se comportar como guetos, há um certo racionalismo, um paradoxo para a classe", argumenta.
Ainda segundo o especialista, as conquistas alcançadas pelo sexo feminino nos últimos tempos são resultados, além do esforço das próprias mulheres, dos avanços tecnológicos que permitiram às esposas, mães de família, se desvincular de atividades antes inevitáveis:
"Há uma crítica exagerada à ciência, mas vejam só, praticamente tudo que as mulheres conquistaram foram a partir das mudanças tecnológicas, do surgimento de equipamentos que facilitaram a vida delas, liberando-as para pensarem, reivindicarem", defende Aécio Cândido.
Na visão da professora Telma Gurgel, pesquisadora do Núcleo de Estudos sobre a Mulher da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (NEM/Uern) e militante feminista, o desafio principal da mulher na sociedade continua sendo a busca pela igualdade, em diversos aspectos.
"Conquistamos, sim, demandas históricas do feminismo, como direito à educação, ao trabalho, divórcio, também do ponto de vista da liberdade sexual, mas são conquistas que não significam necessariamente igualdade. Continuamos presenciando uma divisão sexual no trabalho, com distinção de salários e funções, por exemplo", aponta Telma Gurgel.
A ineficiência de políticas públicas voltadas para as mulheres também é um obstáculo a ser superado, conforme argumenta Telma Gurgel. "Hoje, temos políticas incipientes, fragmentadas. Para reverter esse quadro, de forma geral, é preciso promover mudanças na base estrutural da sociedade", opina.
Mulheres se destacam em profissões tipicamente masculinas
Hoje, as mulheres vêm se destacando e optando cada vez mais por profissões antes tipicamente masculinas. É o caso, por exemplo, da eletricista de auto Elita Pereira, que há nove anos decidiu abandonar a vida de lavadeira para se dedicar a um sonho.
Sem que ninguém soubesse, Elita participou de quatro cursos profissionalizantes no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e rapidamente conseguiu um emprego na área. Hoje ela é uma das eletricistas mais solicitadas na oficina em que atua, no bairro Santo Antônio. "A mulher tem o direito de fazer o que gosta, se identifica", relata.
Aos 41 anos, mãe e avó, Elita Pereira confessa que o preconceito ainda está presente diariamente em sua profissão, mas que já aprendeu a lidar com situações embaraçosas. "É hoje o meu principal desafio. Alguns clientes questionam minha sexualidade ao meu patrão, ficam em dúvida sobre a minha competência. Fico triste, até desanimada às vezes, mas aprendi a enfrentar esse preconceito", conta.
Até mesmo na família o preconceito é evidente. Tanto que o primeiro marido de Elita até hoje não aceitou o papel que a mulher exerce. "A gente se separou por conta disso. Há três anos estou casada novamente. O meu atual marido me conheceu assim e é preciso aceitar. Sou muito feliz aqui, não me vejo fazendo outra coisa", diz, acrescentando que pretende investir cada vez mais na área.

Fonte: Omosoroense

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