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sábado, 26 de dezembro de 2020

Polícia Federal registra aumento de valores apreendidos; Foram R$ 6,1 bilhões em 2020, contra R$ 2,7 bilhões em 2019

Domingo, 27 de Dezembro de 2020

Foto: Divulgação/PF

Números da Polícia Federal apontam que as apreensões de valores e bens nas investigações de combate à corrupção e desvio de recursos públicos aumentaram em 2020.

Até novembro, segundo a corporação, o montante chegou a R$ 6,1 bilhões. Foram 281 operações, incluídas aquelas contra o desvio de recursos destinados ao combate à Covid-19.

O valor é superior à soma dos resultados obtidos em 2019 —R$ 2,7 bilhões— e em 2018 —R$ 2,5 bilhões.

Procurado pela Folha, o ministro André Mendonça (Justiça) não quis comentar os resultados da pasta, à qual a PF é subordinada. Ele assumiu o posto em abril deste ano, após Sergio Moro deixar o governo Jair Bolsonaro acusando o presidente de tentativa de interferência na corporação.

Informações consolidadas sobre o desempenho da polícia nas ações contra o crime de colarinho-branco eram aguardadas com expectativa em setores do governo federal.

O primeiro ano da administração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fechou com resultados próximos ao do período imediatamente anterior, na gestão de seu antecessor, Michel Temer (MDB).

O relatório de gestão do Ministério da Justiça de 2019, divulgado no início do ano, mostrou que a PF ficou aquém da meta no quesito operações especiais —15% menor se comparada a 2018.

São operações especiais, segundo a pasta, aquelas ações executadas com o emprego de técnicas de investigação como monitoramento telemático, análise de material obtido por meio da quebra de sigilo financeiro e fiscal ou atuação com outros órgãos.

Entram nessa classificação também operações cuja soma de mandados de busca e apreensão e de prisões seja superior a dez ordens judiciais na etapa de deflagração. As ações da Operação Lava Jato são exemplos.

O presidente da ADPF (Associação de Delegados da Polícia Federal), delegado Edvandir Paiva, disse que é preciso aguardar mais informações para entender as razões do aumento nos valores e bens apreendidos nas operações de combate à corrupção em 2020.

“É cedo para dizer se é fruto desta ou da gestão passada ou ainda de gestões anteriores”, afirmou Paiva. “Mas o dado revela que a PF não ficou parada neste ano tão difícil.”

Assim que assumiu o comando da Justiça, o atual ministro disse se comprometer com o combate irrestrito à criminalidade. “Cobre de nós mais operações da Polícia Federal, presidente [Jair Bolsonaro]”, disse Mendonça na cerimônia de posse.

O agente federal Flávio Werneck, diretor jurídico da Fenapef (Federação Nacional de Policiais Federais), afirmou que a proposta de atuação da corporação, até pouco tempo bastante focada em corrupção, sofreu ajustes, muito até em razão da Lava Jato.

Outras áreas, como o narcotráfico, ganharam espaço na agenda policial nos últimos dois anos, segundo ele.

Para Werneck, no entanto, a prioridade à repressão ao tráfico de drogas não tira a atenção de outras áreas. “O combate à corrupção sempre esteve no foco”, afirmou.

Bolsonaro tem o costume de usar as redes sociais para divulgar apreensões de drogas feitas pela PF. No início deste mês, ele postou mensagem comemorando a apreensão de 2,5 toneladas de cocaína em Duque de Caxias (RJ).

“Para melhorar ainda mais esse trabalho, em 2021 serão abertas 2.000 vagas em concurso para a PF”, escreveu o presidente.

A Folha consultou a PF sobre as operações realizadas nos últimos dois anos, além de pedir à direção do órgão para avaliar o desempenho da corporação em 2020. À reportagem foram fornecidas, por enquanto, apenas as informações relativas aos valores e bens apreendidos em operações contra a corrupção.

FolhaPress

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