Quarta, 19 de Agosto de 2020

A menina do Espírito Santo vítima de estupro pelo tio foi levada ao hospital em Recife, no estado de Pernambuco, no porta-malas de um carro. A criança teve que entrar escondida na unidade de saúde porque um grupo de fanáticos religiosos protestava na frente do hospital e queria impedir a realização do aborto. Além disso, o médico e diretor da unidade, Olimpio Moraes, teve que atrair para o portão principal as pessoas que se dividiam e bloqueavam todas as entradas.
Conforme publicado em reportagem da Folha de S. Paulo com base no relato de Olimpio, a perseguição foi iniciada no aeroporto, onde a placa do veículo foi anotada. A polícia chegou depois que a menina já havia chegado e entrado no hospital. Mas os policiais impediram que os manifestantes invadissem o local no domingo (16).
"Esse era um caso diferente. Quando eu soube do vazamento dos dados, fui pro hospital e quando cheguei estava aquela confusão. Ficamos com medo de ela não conseguir entrar. Criamos uma distração para tirar a atenção e o carro passar escondido. Ninguém viu", disse o médico. Olimpio ainda contou que o grupo direcionou a ele várias ofensas e gritos o chamando de "assassino", "aborteiro", "demônio", "por que o senhor não mata seus filhos?".
O obstetra Olimpio Moraes faz abortos pelo SUS há 24 anos. Ele é o diretor do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), o primeiro a realizar abortos legais no Norte-Nordeste. A reportagem destaca que são realizados cerca de 50 procedimentos deste tipo por ano, entre 30 e 40 relacionados a estupros.
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