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domingo, 4 de maio de 2014

Ex-líder do PT critica articulação do governo Dilma Rousseff



Eduardo Militão - Congresso em Foco

Ex-líder do PT na Câmara, o deputado Fernando Ferro (PT-PE) acredita que a má articulação política do governo de Dilma fez piorarem os índices econômicos da nova gestão petista. A inflação nos últimos 12 meses bateu em 6,15%, enquanto o crescimento do PIB (soma das riquezas produzidas) foi de 2,3% no ano passado. Na era Lula, o PIB crescia a taxas que chegavam a 5%, 6% e 7%, enquanto a variação dos preços ficou, na maioria dos anos, entre 3% e 5%.

Zeca RibeiroDeputado nega que a inflação esteja descontrolada e afirma que os preços estão atrelados ao alto consumo


Em entrevista ao Congresso em Foco, Fernando Fero nega que a inflação esteja descontrolada e diz que parte da subida dos preços está atrelada ao alto consumo e a problemas econômicos internacionais. Mas aponta que a “baixa qualidade” do diálogo dentro da base aliada no governo Dilma também contribuiu para esse e outros percalços na economia brasileira.
“O governo do presidente Lula teve um comportamento político diferenciado, que nós, de certa maneira, perdemos”, disse o ex-líder do PT. “Foi de menor qualidade do que no governo Lula. Tanto que nós ultimamente tivemos que mudar ministros para retomar a iniciativa no campo da articulação. E isso tem consequências na economia.”

Ferro lembrou que os índices econômicos do passado não devem voltar por causa da conjuntura econômica. “Aquele período do governo Lula não está acontecendo. Tivemos outros indicadores, em outro contexto econômico e mundial, diferentes desses. Não está uma situação fácil”, disse. Veja os principais trechos da entrevista com o deputado Fernando Ferro:

Não há como ser oposição sem ser direita? O PSB é direita?
O discurso do Eduardo Campos se aproximou muito do do Aécio. Não só o contato físico e a sequencia de reuniões, mas, me parece, uma tabelinha funcionando aí. Estão municiando-se mutuamente. Ele está construindo um discurso conservador, ao falar que o Estado está gastando muito, que tem que fazer um ajuste fiscal. O que ele quer dizer com isso? Vai ter que cortar o Bolsa Família, o Luz pra Todos, os investimentos sociais?

Será que não está falando de funcionalismo?
Está falando de despesas do governo, que o governo gasta mal, gasta muito. Isso se assemelha ao que Aécio tem falado. É preciso sinalizar para o empresariado com esse discurso de austeridade econômica e fiscal. No fundo, nega as conquistas sociais do nosso governo.

O PSB é de direita ou esquerda?
Eles estão fazendo oposição pela direita.

O que pode ser feito para diminuir a inflação?
Isso é questão sazonal [temporária, comum em determinadas épocas que se repetem]. Não tem como. É uma crise mundial climática, de escassez de alimentos. Aumentou o poder aquisitivo da população brasileira. O povo está comendo mais. A produção que se tinha para alguns anos atrás… Evidente que gera essa pressão de preços e pressão inflacionário. De fato, mas é uma questão sazonal, não é uma questão estrutural.

O cidadão vai comprar um pacote de arroz por R$ 14: isso não tira voto?
Claro. Cria um clima que está sendo aproveitado… A oposição está querendo criar um clima de que se perdeu o controle da inflação. Isso não é verdade. Estamos enfrentando um contexto conjuntural, de pressão inflacionária que tem a ver… O Brasil não é uma ilha. Tem uma crise mundial aí. Enquanto estamos convivendo com uma inflação de 6%, por aí afora a situação é muito pior. Temos em todo mundo o aumento do desemprego, os indicadores sociais pioram. Aqui é ao contrário.

Então o governo não precisa fazer nada com a inflação?
Precisa. Tem que tomar providência porque você não pode relaxar nisso. Ficam reclamando porque a gente não aumentou o preço da gasolina. Você imagina se a gente faz isso? Combinado com essa situação, você pode criar uma onde de aumento ainda maior.

Além de segurar o preço da gasolina, o que mais precisa ser feito?
Acho que o governo tem uma contribuição com o aumento do investimento para colocar a economia. O governo vai fazer. Vai vir uma nova fase de investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento pra abrir mais oportunidades na economia. Isso vai fazer parte de uma sequência que tem tido de mobilização da economia. Você não pode desconsiderar que recentemente foi vista a imagem do Brasil para investimento como boa. Tanto que aumentou o número de investimentos. Diferente do discurso da negação, estão vindo investidores para o Brasil.

O senhor diz que a inflação é sazonal. Até quando vai essa inflação?
Não sei. Nós vamos ter um período agora de nova safra. Vamos depender disso. Como foi um ano de regime de chuva complicado, é possível que vamos ter que conviver com essa pressão inflacionária e com esses aumentos ainda por um tempo, mas eu acredito que está sob controle.


Fonte: Tribuna do Norte

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