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quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Na primeira viagem, a vergonhosa derrota diplomática do ex-presidiário

Quinta, 26 de Janeiro de 2023


Ele estragou a festa da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e deflagrou a primeira derrota diplomática do governo Lula.

Na terça, 24, em Buenos Aires, o encontro estava caminhando para ser um palanque político em defesa das autocracias da América Latina, com o presidente Lula puxando o coro de que é preciso tratar as ditaduras de Cuba e Venezuela “com carinho”.

O mandatário uruguaio detonou:

“Fala-se de respeito à democracia, às instituições e aos direitos humanos no documento conjunto assinado pelos membros deste bloco. Mas há países aqui que não respeitam a democracia, as instituições e os direitos humanos”.

E prosseguiu:

“Devemos dar pequenos passos, mas em uma mesma direção. E não fazer grandes discursos, que nos congelam sob os conceitos de solidariedade e outros muito bonitos, mas que às vezes não podem ser colocados em prática”.

Matéria publicada na Revista Crusoé, definiu com precisão esse primeiro fracasso diplomático de Lula:

“O uruguaio, assim, apresentou-se como a antítese de Lula. O petista queria que a cúpula da Celac evidenciasse a disputa entre a esquerda democrática e a extrema-direita ‘genocida’, representada pelo seu antecessor Jair Bolsonaro. Ele pediu o fim das restrições comerciais contra Cuba e Venezuela e pediu desculpas pelas ‘grosserias’ de Bolsonaro aos argentinos. Lacalle Pou botou as coisas em outro eixo: dividindo a região entre a direita moderada e a esquerda totalitária.
Lacalle Pou tem autoridade para falar em nome da democracia e enfrentar regimes ditatoriais. Seu partido, o Nacional, é de centro-direita e existe há 186 anos. Seu pai, Luis Alberto Lacalle, foi presidente por esse mesmo grupo, nos anos 1990. A coalizão que levou o atual presidente ao poder, em 2020, conta com três partidos. Um é o Colorado, rival histórico do Nacional, que agora virou parceiro. O outro é o Cabildo Aberto, que é de ultradireita e tem um viés militar. Porém, com apenas dois ministérios, de saúde pública e habitação, a atuação desses radicais tem sido contida.
(...)
Lula não teve outra opção a não ser tentar atenuar o golpe: ‘Minha relação com outros chefes de Estado não passa pelo ideológico. Os presidentes não precisam pensar como eu’. O brasileiro reconheceu o esforço do presidente uruguaio de buscar o melhor para o seu povo: ‘São reclamações mais do que justas’, disse o petista.
Em seguida, Lula defendeu um acordo comercial com a União Europeia, que foi cozinhado em banho-maria durante os governos petistas e só avançou com Bolsonaro e o ex-chanceler Ernesto Araújo. E também falou de um acordo entre a China e o Mercosul, que seria feito com todo o bloco, incluindo o Uruguai.
Lacalle Pou agora sabe que pode chantagear o Brasil para conseguir investimentos e parcerias, como a construção de pontes ou de canais. Caso ele não se convença que os agrados foram suficientes, seu país poderá tomar sozinho a direção da China, deixando os ‘clubes dos amigos ideológicos’ à deriva. Não importa se Lula conseguirá ou não convencer o Uruguai, que tem menos de 4 milhões de habitantes. Essa é uma negociação que o governo brasileiro já perdeu.”


Fonte: Jornal da Cidade Online 

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