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sábado, 20 de outubro de 2018

A bolsa de colostomia de Bolsonaro é para ser respeitada por todos, inclusive pela Folha de S.Paulo

Sábado, 20 de Outubro de 2018

OPINIÃO

Nesta quarta-feira (17) a Folha da São Paulo - sempre ela - publicou matéria a respeito da bolsa de colostomia que Jair Bolsonaro passou a usar por causa da facada que recebeu em Juiz de Fora.

Diz o jornal que, com a bolsa na altura da cintura, Bolsonaro adotou um novo figurino. As camisas sociais claras foram trocadas por camisetas e jaquetas esportivas, preferencialmente de cores escuras. E que essas opções são adotadas especialmente para os momentos em que o capital reformado do Exército tem atividade fora de sua casa, no Rio de Janeiro.

A matéria prossegue com considerações que não vamos repetir aqui.

Em suma: o referido jornal, sob o falso pretexto de "notícia", externou completa falta de respeito ao tratamento de uma vítima que recebeu uma facada para ser morta, mas que sobreviveu.



E com a agravante de ser a vítima o candidato que dispara na preferência do povo brasileiro para governar o país a partir de 1º de Janeiro de 2019.

E por causa disso, diz o jornal, Bolsonaro "adotou novo figurino", como se tratasse de um "pop star", de um "modelo", de um "artista". Ou de uma noiva imperial, que só no dia do casamento aparece frente à Igreja e os súditos admiram o vestido dela.

Saibam, a Folha e seus fiéis leitores, que a bolsa de colostomia de Jair Bolsonaro não precisa ser escondida, segundo a versão do jornal, ao publicar assunto que nada tem de jornalístico.

Moshe Dayan (1915-1981), político israelense e um dos principais arquitetos dos acordos de paz de Camp David, perdeu o todo o olho esquerdo no combate contra os franceses em 1941. E impossibilitado de implantar um olho de vidro, passou a viver com um tampão preto para cobrir o buraco que a falta do olho deixou.

E isso nunca foi explorado como notícia, nunca foi abordado como "estilo", "fashion", nem como "matéria" jornalística pela imprensa do mundo inteiro.A bolsa de colostomia de Bolsonaro não tira votos, não afasta eleitores, não diminui a estima que seus correligionários têm pelo deputado. A bolsa de colostomia de Bolsonaro é a marca da bestialidade, da brutalidade humana que vitimou o candidato quando, em campanha presidencial em Juiz de Fora, foi esfaqueado covardemente, quase, quase, levando-o à morte.

A bolsa de colostomia de Jair Bolsonaro é sinal de vida. Se não é para ser exibida e ficar exposta, também não é para ficar escondida, encoberta, com este ou aquele disfarce. A bolsa é necessária para a sua cura completa. A bolsa é a marca externa, temporária, de uma dor interna, dele, Jair e de todos os seus familiares, amigos e eleitores, dor que jamais se apagará. E até de seus não eleitores, porque todos somos iguais e ninguém neste mundo é melhor do que o outro, ninguém é dono da verdade, ninguém vive para sempre e ninguém está a salvo de passar pela mesma situação de Jair Bolsonaro.

Não, a bolsa de colostomia de Jair Bolsonaro e de todas as outras pessoas que a utilizam não é para ficar escondida, como retrata a Folha. E nem é para causar, naqueles que a carregam colada ao corpo, o menor sentimento de diminuição, de vergonha, de inferioridade, para si próprio e perante o próximo.

A bolsa de colostomia é também a marca do progresso da Medicina e da competência dos médicos.A bolsa de colostomia de Bolsonaro não é para ser notícia, nem matéria jornalística.

É para ser respeitada por todos.



Advogado no Rio de Janeiro e especialista em Responsabilidade Civil, Pública e Privada (UFRJ e Universidade de Paris, Sorbonne). Membro Efetivo do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB)

Fonte: Jornal da Cidade Online

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