Sábado, 28 de janeiro de 2017

Em entrevista, ele contou que todo o drama começou na noite do dia 13 de janeiro. O jovem de Fortaleza foi buscar sua namorada para ir a uma confraternização de amigos, quando foi surpreendido por um criminoso armado.

Primeiro Boletim de ocorrência (FOTO: Arquivo Pessoal)
“Como de costume peço pra minha namorada ficar na portaria do prédio dela, então eu só paro, ela sai e entra no carro. Quando eu destravei o carro, um cara entrou no banco de trás e ficou ameaçando a gente com uma arma. Falou que estava fugindo de outro assalto e roubou tudo o que a gente tinha: carteira, relógio, dinheiro e até meu carro”, relatou.

Segundo Boletim de ocorrência (FOTO: Arquivo Pessoal)
Sem condições de continuar o momento de lazer, o jovem e sua companheira foram à delegacia registrar um Boletim de Ocorrência. Ao contar à polícia como tudo aconteceu, o jovem esqueceu de dizer que os documentos do veículo tinham sido roubados junto com o carro. Sem este dado no BO, seria impossível acionar o seguro do veículo.
“Depois disso, começou uma novela. Fui várias vezes ao 9º Distrito Policial tentar retificar o BO, mas só quem poderia fazer isso era a escrivã que fez o primeiro. Chegaram a me informar que ela estaria lá no domingo (15), cheguei e ela não estava. Fui na segunda (16) de manhã, falaram que ela estaria à noite. Finalmente na terça-feira (17) à noite, consegui encontrá-la para ela me dizer que não seria possível fazer a retificação do boletim”, detalha.
Insatisfeito com a burocracia, o rapaz e sua família decidiram retornar para casa e ir, no dia seguinte, à delegacia de Roubos e Furtos de Veículos, em Fortaleza, para qual o seu caso teria sido enviado. Foi quando tudo aconteceu novamente.
“Na volta, quando estávamos chegando em casa, quatro adolescentes armados pararam o carro no qual estavam eu, meus pais e minha namorada, e nos assaltaram novamente. Depois disso, retornamos à delegacia para os policiais informarem que não podiam fazer nada porque só tinha dois policiais na delegacia. Ou seja, fizemos outro BO somente para nossa coleção, porque ele não adianta de nada”, conta, perplexo.

Ana Paula critica a falta de estrutura para os policiais exercerem suas funções (FOTO: Reprodução TV Jangadeiro)
“Boletim de Otário”
A insatisfação do jovem com a segurança pública aconteceu dias antes da vice presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Ceará (Sinpol) desabafar sobre a atual situação da categoria no Estado. Em entrevista à TV Jangadeiro/SBT, Ana Paula Cavalcante destacou que o cidadão quando vai à delegacia registra, na verdade, um “Boletim de Otário”.
“Na década de 1980, nós tínhamos mais ou menos o dobro do efetivo. A população cearense era a metade e nós tínhamos o dobro. Hoje, lamentavelmente, é com muita vergonha que eu digo que o cidadão está certo quando ele diz que registra o Boletim de Otário, porque nós não temos efetivo para investigar a enorme quantidade de Boletins de Ocorrência. Na verdade, nós temos que escolher o que será investigado”, enfatizou.
Fonte: Tribuna do Ceará
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