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quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Rebelião no RN pode terminar com mais de 100 mortes: ‘Na Síria se sabe mais que aqui’

Quarta, 25 de Janeiro de 2017 

Foto: Divulgação / Polícia Militar

A rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, já dura dez dias, mas o governo do estado ainda tem poucas informações sobre o que acontece efetivamente dentro dos pavilhões. De acordo com policiais entrevistados pelo UOL, que preferiram não se identificar, a PM não tem acesso à área interna da unidade e o governo não sabe ao certo quantos detentos estão no local. Até o momento, a polícia já encontrou três tuneis com acesso ao lado externo do presídio, que foram cavados na areia. "Não se sabe quantos presos fugiram, quantos morreram, quantos foram carbonizados, quantos foram retalhados, ou seja, na Síria se sabe mais que aqui", disse um policial militar lotado em Alcaçuz. Segundo ele, agentes que faziam a guarda para a instalação de contêineres, no último sábado (21), observaram cabeças e pedaços de corpos nas dunas. Apenas no primeiro dia do motim, 14 de janeiro, 26 detentos morreram decapitados ou queimados. O local foi tomado por duas facções rivais, PCC e Sindicato do RN, que quebraram muros que separavam os batalhões e iniciaram um confronto. Mas segundo um agente penitenciário, o número de mortes pode crescer consideravelmente. “Pelo que podemos averiguar até o momento, a rebelião de Manaus vai ser fichinha em comparação ao que teve aqui em Alcaçuz. Pelo que verificamos, a quantidade de mortos é de, no mínimo 100. Vamos aguardar após a contagem dos presos para confirmar esse número", alertou. O funcionário contou ainda que a contagem de mortos e feridos é feita quando corpos são jogados no pátio e feridos pedem socorro. Até o momento, contudo, o governo só confirma três feridos e não fala em novas mortes desde o primeiro dia de confronto. Os familiares dos detentos contestam: em um áudio enviado para a mulher, um preso conta que "já passaram de 40 mortos somente no pavilhão 4". "Os presos que pegam a comida para os pavilhões nos contaram que têm muitos corpos queimados, enterrados e jogados nas 18 fossas existentes em Alcaçuz. As notícias que temos do que está se passando dentro dos pavilhões são relatos de presos que falam sobre as duas facções. Se não fosse essa comunicação, não saberíamos de nada", afirmou um policial. Ele alerta que, mesmo após o controle da situação, o estado não poderá confirmar com exatidão o número de vítimas fatais. "Como houve fugas não registradas e não se sabe quantos presos e quem fugiu, os corpos escondidos em Alcaçuz e que não forem encontrados podem dizer que o preso fugiu, mas, na verdade, ele fora assassinado e seu corpo não encontrado. Só daqui um tempo que as famílias vão aparecer com números diferentes dos repassados pelo Estado”, explicou. Em resposta à publicação, a Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania (Sejuc) informou que apenas um preso fugiu e foi recapturado. Uma outra tentativa de fuga foi contida pelos agentes e um detento foi baleado no braço ao tentar sair pelo telhado usando uma corda de pano. A secretaria defendeu ainda que a contagem dos presos não foi feita porque o governo aguarda “o melhor momento” para não causar mais tensão na unidade. A Sejuc não soube precisar quantos presos ainda estão no local.

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