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quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Após portaria da PF, mais de 30 refugiados estão retidos em sala em Guarulhos

Quinta, 29 de Setembro de 2016 

Foto: Ponte Jornalismo
Solicitantes de refúgio, mais de 30 estrangeiros de diversas nacionalidades estão retidos na área de desembarque do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, sem poder entrar no país. Segundo informações da Agência Ponte, eles saíram do país com autorização para retornarem, mas foram surpreendidos na volta por uma nova regra. Uma portaria foi emitida no último dia 21 pelo Ministério da Justiça, por meio da Polícia Federal, que determina que estrangeiros portadores de protocolo de solicitação de refúgio devem pedir visto para retornar ao país. A norma foi instituída dois dias após o presidente Michel Temer defender, em seu discurso de abertura da Assembleia-Geral da ONU, que a inclusão de refugiados seja facilitada no Brasil. Há no grupo libaneses, senegaleses, guineenses e nigerianos, entre outras nacionalidades. Procurado, o Ministério da Justiça afirmou na noite desta terça-feira (27), que o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) estava “tomando as providências para solução imediata do problema”. A autorização de saída concedida pela PF seria válida por 90 dias, de acordo com os estrangeiros. “Saí do Brasil com o protocolo e agora volto e o governo diz que não vale mais. Fui com a consciência tranquila. Se tivessem dito que precisaria de visto para voltar, nem teria saído, afirmou Abulai Camara, 41 anos, de Guiné-Bissau. Ele viajou há três meses para acompanhar o enterro do pai. Ele reencontraria no Brasil a namorada, que está grávida de oito meses. Além do isolamento, os estrangeiros reclamam da forma precária como foram instalados. Eles tem dormido no chão (alguns conseguiram cobertores oferecidos pelas companhias aéreas). “Estamos deitando no piso mesmo. Nos dão comida três vezes por dia, mas é muito pouco. De manhã, vem um pão francês com azeite queimado. Na hora do almoço, berinjela com batata. E só”, relata Abulai. Eles não tem acesso a produtos de higiene pessoal e precisam se manter na sala por conta das malas, o que inviabiliza o banho. Segundo o senegalês Birani Meayue, de 34 anos, alguns começam a perder peso. “Só dão salada com batata todos os dias, o frango não presta. Todo mundo aqui está emagrecendo muito. Nós não merecemos isso na vida. Todo mundo aqui é trabalhador e responsável”, reclama. De acordo com Abulai, o grupo deve iniciar uma greve de fome caso a situação não seja revertida. Ele conta que agentes da Polícia Federal estiveram na sala na tarde desta terça-feira (27). “Estão dizendo que, se a gente não voltar, vamos ficar nessa situação péssima, por dois, três anos. Estão intimidando a gente. Só que já decidimos: se não reverem nossa situação, vamos entrar em greve de fome, amanhã a partir do meio dia”, afirmou

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