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quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Local que teria evento de casamento Gay é incendiado no RS

11/09/2014

A Polícia Civil de Santana do Livramento abriu inquérito nesta quinta-feira (11) para investigar o incêndio que atingiu o Centro de Tradições Gaúchas (CTG) previsto para sediar um casamento comunitário onde um dos casais inscritos é homoafetivo. Segundo o delegado Eduardo Finn, que acompanhou o início das investigações, testemunhas relataram terem visto um carro com quatro ocupantes passando em frente ao galpão minutos antes do fogo começar. “Agora vamos tentar localizar os suspeitos. Temos a descrição do veículo e informações de que seriam quatro ocupantes. Vamos tentar chegar ao proprietário do automóvel”, sintetizou Finn. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o fogo começou por volta de 0h30, e as chamas foram controladas cerca de três horas depois. Ninguém ficou ferido, mas o fogo atingiu a parte interna da estrutura, justamente o palco, onde acontecerá o evento. De acordo com o delegado, 10% do prédio foi danificado. “O que apuramos é que foi uma atitude de vandalismo com a finalidade de ameaçar e amedrontar , uma finalidade talvez ate ideológica. Mas os danos são apenas materiais”, ponderou. O patrão do CTG Sentinelas do Planalto, Gilbert Gisler, também conhecido como Xepa, mora em frente ao local. No entanto, diz não ter notado nenhum movimento incomum na rua. Ele relata que após uma janta no galpão, foi para casa e em seguida percebeu as chamas. “Fechei o CTG, liguei o alarme e fui pra casa. Não deu 5 minutos e soou o alarme”, descreveu. O homem relatou que uma vizinha teria visto um carro branco com quatro homens pilchados, vestidos de bombacha, trafegando em frente ao CTG. O patrão do CTG afirmou ainda que, se depender dele, a celebração vai acontecer no sábado (13). “Vamos fazer a cerimônia de qualquer jeito. Da nossa parte, a gente vai cumprir o que a gente se comprometeu. A gente não pode dar o braço a torcer e se entregar para um ato desses”, sustentou. Ainda não se sabe o que provocou as chamas. A celebração segue marcada para este sábado (13). São 28 casais heterosexuais e um homoafetivo. Outro casal gay que participaria do casamento desistiu. A ideia de celebrar a união em um CTG foi sugerida pela diretora do Foro de Livramento, juíza Carine Labres. Na decisão, a magistrada observou que o casamento homoafetivo é um direito e que a cerimônia não tem o objetivo de "afrontar valores do tradicionalismo". A juíza ressaltou, porém, que quem manifestar preconceito poderá responder criminalmente. A possibilidade de um espaço tradicionalista receber um casamento entre pessoas do mesmo sexo dividiu opiniões e gerou polêmica na cidade. Além disso, a data marcada para a celebração é na semana dos festejos da Revolução Farroupilha, o que acirrou ainda mais o assunto. Após o episódio, o presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Manoelito Savaris, lamentou o ocorrido e disse respeitar "os direitos" das pessoas. Entretanto, afirmou que o CTG foi desfiliado do movimento há 9 anos. "O MTG respeita o direito dos outros, das entidades. Mas não tem uma posição em relação ao fato, pois o CTG não é filiado ao MTG desde 2005. Caso isso acontecesse dentro de um CTG filiado, o Conselho do MTG, composto por 49 pessoas, iria se reunir para avaliar o assunto, a partir do Estatuto, Regulamento Geral, Código de Ética do MTG e Carta de Princípios", declarou, através de nota oficial.

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