11 de setembro 2014 -Brasil
Rio (AE) - O emprego na indústria de São Paulo recuou 5,1% em julho contra igual mês de 2013, a perda mais intensa de toda a série iniciada em 2001 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas a retração não foi uma exclusividade dos paulistas, que concentram o maior parque industrial do Brasil. Em todo o País, a população ocupada nas fábricas caiu 3,6% no período, a 34ª queda consecutiva neste tipo de comparação, conduzindo o mercado de trabalho da indústria ao nível mais baixo desde abril de 2004. Em relação a junho, o emprego diminuiu 0,7%, a despeito do aumento na produção na passagem do mês. O setor completa, dessa maneira, quatro meses com corte de vagas, acumulando perda de 2,4%.
Divulgação
As demissões no setor de meios de transportes são destaque

As demissões no setor de meios de transportes são destaque
“Desde novembro de 2013 que São Paulo passou a liderar a lista de locais em termos de contribuição negativa”, observou o técnico Rodrigo Lobo, da Coordenação da Indústria do IBGE. O movimento acompanha a perda de dinamismo que marca a produção desde outubro do ano passado, mas a desaceleração não é pontual. Em julho, todas as 14 regiões pesquisadas destruíram vagas na comparação com igual período de 2013.
Em relação a junho, o emprego diminuiu 0,7%, a despeito do aumento na produção na passagem do mês. “O cenário atual do emprego na indústria é pior do que durante a crise financeira mundial ocorrida entre 2008 e 2009”, frisou Lobo. Segundo ele, a alta na produção em julho foi favorecida por uma base mais baixa, diante da redução de ritmo em função dos feriados da Copa do Mundo. A tendência, portanto, segue sendo de desaceleração da atividade.
“Com a redução na produção, os empresários têm feito ajustes. Então, há um processo de demissões”, explicou o técnico. “Não há nenhum indício de que haverá retomada de contratações a partir de agora.” Para José Marcio Camargo, economista-chefe da Opus Gestão de Recursos, a situação da indústria não chega a ser pior do que no fim de 2008, período mais crítico da crise. A diferença é que, naquela época, as expectativas eram positivas, justamente o contrário do observado agora.
“A incerteza é tão grande e a confiança é tão baixa que as expectativas não apontam aumento na produção no futuro. Com isso, o empresário se antecipa demitindo no presente”, avaliou Camargo.
“A indústria está em recessão, mas não é uma recessão tão forte quanto em 2008 e 2009. Apesar disso, a indústria brasileira está cada vez menos competitiva, porque está cada vez mais caro produzir no País”, acrescentou o economista.
Setores
Tanto na indústria paulista quanto brasileira, as demissões no setor de meios de transportes (que inclui os veículos automotores) aparecem no topo da lista de influências negativas. Em julho, a queda foi de 6,6% em relação a julho do ano passado
Outros segmentos que se destacaram pelas demissões, de acordo com o IBGE, foram as indústrias de produtos de metal, de máquinas e equipamentos, de alimentos e bebidas e de produtos têxteis. Entre as regiões, além dos paulistas, aparecem no vermelho Paraná, Rio Grande do Sul, Nordeste, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Em julho, ainda houve redução de 4,2% no número de horas pagas em relação a igual período de 2013. Com isso, o indicador atingiu o menor patamar de toda a série, também iniciada em 2001 Para Lobo, do IBGE, parte do resultado pode ser explicado pelas férias coletivas e pelos regimes de lay-off (suspensão temporária de contratos) adotados por algumas fábricas, mas também pode sinalizar persistência das demissões. “Como o número de horas é um antecessor do que pode acontecer, o cenário não é promissor”, disse o técnico.
O valor da folha de pagamento real, por sua vez, caiu 3,4% em relação a julho de 2013. “Essas variações negativas reforçam o cenário de baixo dinamismo da atividade industrial”, observaram os economistas Silvio Campos Neto e Marcio Milan, da consultoria Tendências.
Números
6,6% Foi a queda do emprego no setor de meio de transportes em julho, em relação ao mesmo período do ano passado
4,2% Foi a redução no número de horas pagas na indústria, em julho, em relação a igual período de 2013
Fonte: Tribuna do Norte
Fonte: Tribuna do Norte
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