martins em pauta

terça-feira, 26 de julho de 2011

PF e Depen vão acompanhar investigação






A Polícia Federal (PF) e o Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) vão acompanhar de perto as investigações sobre a morte do agente penitenciário federal Iverildo Antônio da Silva, que tinha 37 anos e morreu na madrugada de sábado passado durante uma operação da Polícia Militar de Campo Grande, cidade distante 80km de Mossoró. O depoimento dos dois amigos do agente que estavam com ele na hora da confusão será colhido na presença de um delegado e um diretor do Depen.
Até agora, o delegado da cidade, Getúlio Medeiros, colheu o depoimento dos três policiais que participaram da ocorrência, do casal proprietário da lanchonete onde ocorreu a confusão e de um homem que também estava no local e testemunhou o ocorrido. Duas pessoas que estavam com o agente penitenciário federal, consideradas peças-chave na investigação, só vão prestar depoimento na presença do delegado-chefe da PF de Mossoró, Francisco Martins, e de um representante do Departamento Penitenciário Nacional, órgão gestor dos presídios federais brasileiros, subordinado ao Ministério da Justiça.
Segundo Getúlio, colher o depoimento dessas duas testemunhas na presença do delegado e do membro do Depen mostra que a investigação está sendo feita de maneira transparente. Para algumas pessoas, o fato de o delegado Getúlio responder pela cidade de Campo Grande e trabalhar diretamente com os militares envolvidos na ocorrência pode ser considerado prejudicial quanto à imparcialidade. Mas ele contesta essa ideia e diz que a presença das duas autoridades no depoimento dessas testemunhas reforça ainda mais a sua intenção. "Queremos somente que seja esclarecido", ressalta.
Até ontem, já haviam prestado depoimento os três policiais militares que estavam na ocorrência: tenente Costa Silva, comandante do Pelotão de Polícia Militar de Campo Grande, e os soldados Felipe e Soares; o casal proprietário do Bar do Chapéu, local da confusão; e um homem que teria presenciado todo o acontecimento. De acordo com Getúlio Medeiros, todos os depoimentos apontam para a mesma linha: PMs agiram em legítima defesa. O depoimento dos dois amigos da vítima deverá ir de encontro à versão dos outros depoentes, já que existe uma divergência sobre o que realmente aconteceu.
O delegado Getúlio Medeiros revela que pretende unir as provas materiais, fruto da perícia realizada pela equipe do Instituto Técnico-Científico de Polícia (ITEP) de Mossoró, e os depoimentos que estão sendo colhidos na investigação. Até ontem, o delegado que investiga o caso preferia não fazer considerações sobre o que aconteceu. Getúlio disse também não ter prazo para concluir todo o processo, já que os exames periciais costumam demorar vários meses para serem concluídos. "Não vou dar nenhum prazo agora porque seria leviano da minha parte. Não tem como dizer", declara.

Família fala em tiro pelas costas
A versão dos familiares do agente penitenciário federal é completamente diferente dessa que consta oficialmente na investigação policial. Eles dizem que o agente foi desacatado pelos policiais militares e que um deles atirou no agente pelas costas, em uma ação repentina.
No momento da abordagem, de acordo com Arnaldo Américo da Silva, primo do agente, Iverildo Antônio da Silva se identificou como agente penitenciário federal, mas mesmo assim os policiais militares o trataram com desdém.
Arnaldo afirma que sua versão é baseada na conversa que ele e familiares da vítima tiveram com testemunhas oculares da ocorrência, inclusive uma das pessoas que estavam com o agente na hora da confusão.
Iverildo estava conversando com um dos policiais, enquanto o outro teria ficado mais afastado, justamente esse que atirou no agente pelas costas, ainda segundo Arnaldo.
A família nega que Iverildo tenha atirado contra os policiais ou que tenha se comportado de maneira inadequada.
A quantidade de disparos efetuados contra o agente também foi questionada pelos parentes da vítima. Segundo Arnaldo, um membro do Itep teria afirmado que encontrou sete projéteis na vítima, todos eles acima da região torácica.
Outra queixa dos parentes do agente penitenciário é com relação à suposta demora que os militares levaram para levar a vítima até o hospital, que, segundo informações passadas à família, ainda teriam dado voltas próximo ao hospital local.

Morte após um dia de trabalho
Iverildo Antônio da Silva tinha 37 anos e era natural de Paraú, cidade distante cerca de 91km de Mossoró. Ele tinha sido aprovado em concurso público para agente penitenciário federal há cerca de dois anos e estava trabalhando no presídio federal de Porto Velho (RO) e havia conseguido sua transferência para Mossoró fazia menos de uma semana. Ele foi morto poucas horas após ter dado seu primeiro plantão em Mossoró.
Com aproximadamente 20 anos, Iverildo foi morar em Brasília (DF) com outras pessoas de sua família. Formou-se em Relações Internacionais e continuou os estudos, buscando a aprovação em um concurso público. Antes do certame para agente penitenciário federal, ele já havia sido aprovado para agente e também para escrivão da Polícia Civil, em Brasília, mas não assumiu o cargo e buscava uma função que pudesse vir morar no RN.
Depois de aproximadamente dois anos trabalhando como agente penitenciário federal em Porto Velho, Iverildo conseguiu ser transferido para Mossoró, perto de sua família.
Ele era casado e tinha dois filhos, sendo um menino de 13 anos e uma menina de sete.

Histórias diferentes
Passados os primeiros dias após a confusão, dezenas de informações estão sendo divulgadas pelos meios de comunicação social do Rio Grande do Norte, principalmente os blogs.
Segundo Getúlio Medeiros, delegado que investiga o caso, oficialmente existe, por enquanto, apenas uma versão para o que aconteceu no sábado.
Os policiais militares foram acionados por populares para conter um caso de poluição sonora. O agente penitenciário estava em um trailer, por volta das 4h, com dois amigos.
Segundo a versão dos PMs, dois soldados foram ao local para resolver o problema e acabaram discutindo com o agente penitenciário federal.
Os militares afirmaram que iriam apreender o carro e o som do agente penitenciário, que por sua vez retrucou e afirmou que prenderia os PMs.
Todos armados, a confusão havia sido anunciada. Os militares saíram do local e foram à procura do tenente, comandante do Pelotão e responsável pelo policiamento na cidade.
Os três voltaram e foram em direção ao agente penitenciário federal. Segundo a versão dos militares, o agente sacou a arma e mirou em direção a um dos soldados, que estava atrás do comandante do Pelotão.
Nesse momento, a confusão se generalizou e iniciou-se uma troca de tiros entre os policiais e o agente penitenciário. O agente penitenciário foi alvejado com vários disparos e levado pelos policiais para uma unidade hospitalar, já sem vida.

Fonte defat0 editado por Martins em Pauta

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