A Comissão de Segurança Pública do Senado, presidida por Flávio Bolsonaro (PL-RJ), deve finalizar até a próxima semana um relatório com informações e documentos apresentados pelo perito Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. O material consolida depoimentos sobre a atuação do magistrado em investigações da 1ª Turma do STF sobre “fake news” e “milícias digitais”.
O perito apresentou prints de conversas com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, que, segundo ele, teriam envolvimento fora do rito jurídico.
A comissão se reunirá novamente na próxima terça-feira, 9, para apreciar o relatório e decidir sobre o encaminhamento a órgãos de controle, como STF, TSE, CNJ, CNMP e OAB. Também será enviado ao governo dos Estados Unidos e a instituições internacionais com detalhes sobre a atuação de Moraes e de Gonet, possivelmente visando sanções.
O governo Donald Trump sancionou Moraes em julho de 2025, sob a Lei Global Magnitsky, que impõe restrições financeiras e bloqueia bens. Tagliaferro afirmou ter enviado provas digitalizadas aos EUA, já periciadas, para que não houvesse contestação sobre a veracidade do material.
O relatório também será disponibilizado às defesas dos réus do 8 de janeiro. A comissão discutiu ainda medidas de proteção para Tagliaferro e sua família, incluindo segurança na Itália e no Brasil.
Tagliaferro, que está na Itália, repetiu durante a audiência pública o que vem dizendo desde que o escândalo da Vaza Toga revelou a utilização da estrutura do TSE por Moraes para abastecer processos no STF mesmo depois do fim da eleição de 2022, por meio do monitoramento do discurso de apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais.
Denunciado pela PGR
Em 22 de agosto, Gonet denunciou Tagliaferro ao STF pelos crimes de violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal envolvendo organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
O ex-assessor é investigado pelo vazamento de mensagens trocadas entre servidores do gabinete de Moraes no STF e no TSE. Segundo a denúncia, entre maio e agosto do ano passado, Tagliaferro “violou sigilo funcional e embaraçou as investigações ao revelar à imprensa e tornar públicos diálogos sobre assuntos sigilosos que manteve com servidores do STF e do TSE na condição de assessor-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação”.
O procurador-geral também aponta que Tagliaferro cometeu coação no curso do processo ao ameaçar, em julho deste ano, após deixar o Brasil, revelar no exterior novas informações funcionais sigilosas obtidas no exercício de seu cargo.
Para a PGR, o ex-assessor de Moraes aderiu às condutas da organização criminosa investigada nos inquéritos da suposta trama golpista, das fake news e das milícias digitais, e selecionou diálogos para tentar interferir na credibilidade das investigações.
O Antagonista
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