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quarta-feira, 10 de setembro de 2025

51% dos brasileiros que entram na faculdade não se formam nem 3 anos após o prazo previsto

Quarta, 10 de setembro de 2025

Foto: David Mark/Pixabay

Suponha que 100 alunos brasileiros tenham começado, em janeiro de 2021, uma graduação de quatro anos de duração. Em tese, eles deveriam ter se formado em dezembro de 2024, certo?

Mas, pelo que indicam dados divulgados nesta terça-feira (9), a tendência é que, mesmo em 2027, três anos após a data esperada para a formatura, 51 desses estudantes NÃO tenham terminado o curso. Boa parte (25 deles) terá desistido ainda no 1º ano da faculdade.

Esses números foram comparados aos de nações que são referência em desenvolvimento humano, como Luxemburgo, Suíça e Noruega, na edição de 2025 do estudo “Education at a Glance”, produzido anualmente pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Veja:

  • No Brasil, 25% dos alunos abandonam o bacharelado ainda no 1º ano. Na média da OCDE, o índice é de 13%, também considerado alto no relatório.
  • Entre os brasileiros, apenas 38% terminam a graduação dentro do prazo esperado (versus 43% na OCDE).
  • Três anos após a data em que, em tese, todos deveriam ter concluído o curso, 51% dos alunos no Brasil continuam sem o diploma. Na OCDE, a média é de 30%.

Essas baixas taxas de permanência e de conclusão explicam por que apenas 24% dos jovens adultos (25 a 34 anos) têm ensino superior completo no Brasil (versus 49% na OCDE).

Por que tantos desistem?

Ernesto Martins Faria, diretor-fundador do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), aponta três fatores principais que explicam a alta evasão no ensino superior brasileiro, não só no início dos cursos:

  • Baixa qualidade da educação básica: “Poucos alunos saem com um bom nível de aprendizado, o que impacta a continuidade da graduação. Eles chegam com lacunas importantes nos conhecimentos [que deveriam ter sido aprendidos na escola]”, afirma o especialista.
  • Fator financeiro: “Muitos têm dificuldade de se manter no ensino superior, seja pela questão de custo, já que boa parte está na rede privada, mas também por não haver remuneração no período de estudos”.
  • Falta de perspectiva: “Grande parte dos cursos é de qualidade média ou baixa e, por isso, não passa um efeito sinalizador de grandes retornos financeiros. Os alunos não ficam tão seguros de que, se concluírem a graduação em determinadas faculdades, terão grande compensação depois”, diz Faria.

Diferenças entre homens e mulheres

Em todos os países, as mulheres que ingressam em cursos de bacharelado têm mais probabilidade do que os homens de concluir a graduação no tempo certo ou em até três anos após a data prevista para a formatura.

 

Por outro lado, elas são maioria na geração “Nem-Nem”. Em 2024, no Brasil, quase um quarto dos jovens (24%) de 18 a 24 anos no Brasil não trabalhava, nem estudava — taxa de 29% entre as mulheres e de 19% entre os homens.

g1

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