martins em pauta

domingo, 9 de dezembro de 2018

Acordos comerciais de Temer podem elevar exportação

Domingo, 09 de Dezembro de 2018


Se concluir as negociações já em andamento, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), poderá promover uma importante abertura da economia brasileira por meio de acordos bilaterais em seus primeiros dois anos de governo.

Estão em estágios avançados de discussão cinco acordos relevantes com os seguintes parceiros comerciais: União Europeia, EFTA (Noruega, Islândia, Suíça e Liechtenstein), Canadá, Singapura e Coreia do Sul.

Com esses acordos, as exportações brasileiras teriam acesso privilegiado a um mercado três vezes mais expressivo, considerando o PIB (Produto Interno Bruto) dos países envolvidos.

Hoje o Brasil só tem acordos de livre-comércio com América Latina, Egito, Israel e Palestina.

As negociações de acordos bilaterais ganharam tração nos últimos dois anos. O presidente Michel Temer mudou a diretriz dos governos petistas, que viam a abertura da economia com desconfiança, e passou a investir esforços nessa área.

Segundo negociadores, que pediram anonimato, falta apenas vontade política do lado europeu para concluir o acordo com Mercosul-União Europeia. Até mesmo as cotas agrícolas que interessam ao Brasil já estão sobre a mesa, restando definir só as tarifas de importação “intracota”.

Havia a expectativa de que esse acordo pudesse ser fechado ainda neste ano, mas o cenário piorou depois das declarações do presidente da França, Emmanuel Macron, reclamando da desistência do Brasil em sediar a conferência global sobre o clima.

As negociações com os países do EFTA também estariam avançadas com perspectivas de assinar um entendimento em 2019.

Noruega e Suíça, principalmente, são mercados que interessam ao Brasil por serem importadores relevantes.

Com Canadá e Singapura, as conversas começaram em março deste ano, mas avançaram rápido.

O objetivo é fechar esses acordos em dois anos, ou seja, até o início de 2020. Para os negociadores, a meta é ambiciosa, mas factível.

O acordo com Singapura é relevante não pela quantidade de consumidores a atingir mas para incentivar os bilionários fundos soberanos da cidade a investir no Brasil. Já o desafio é evitar que Singapura se transforme em um entreposto de produtos chineses.

A mais delicada das negociações é com a Coreia do Sul. A indústria sul-coreana é muito competitiva, o que preocupa os empresários brasileiros.

Por isso, o acordo só vale a pena se for bem calibrado: facilitar a entrada de insumos e máquinas baratas, mas barrar uma invasão de produtos acabados.

Representantes da indústria brasileira vêm defendendo que a abertura da economia seja feita por meio de acordos bilaterais, para evitar abrir o mercado sem ganhar nada em troca.

Também dizem acreditar que, se Bolsonaro focar a alteração unilateral da TEC (Tarifa Externa Comum), pode romper o equilíbrio no Mercosul e complicar os acordos bilaterais em andamento.

Sandra Ríos, diretora do Cindes, um “think tank” que estuda a inserção internacional do Brasil, não concorda.

Na avaliação da especialista, as negociações de livre-comércio são complementares à abertura unilateral, que seria fundamental para elevar a competitividade.

“Os acordos bilaterais são importantes, mas levam anos para serem negociados e, mesmo depois de assinados, mais de uma década até zerar as tarifas. Enquanto isso, não existe nenhum impacto sobre a economia”, diz.

Folhapress

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contato : (84) 9 9151-0643

Contato : (84) 9 9151-0643