martins em pauta

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

O naufrágio (Do DEM)

Por: Vicente Serejo 

Condenado ao serviço dos seus filhos para mandatos e empregos públicos, sem ideologia e sem discurso, o Partido dos Democratas é o rescaldo do que restou dos liberais quando um dia, convencidos por algum bruxo do marketing, resolveram mudar de nome. O mimetismo garantiu uma troca fácil de siglas, do PFL para o DEM, como, aliás, é comum na política brasileira, mas o destino continuou com a mesma busca por um estado menor e deformado, sem compromissos sociais e sem grandeza de luta.

Pior: o DEM sucumbiu no seu próprio coronelismo, tardio e sem sentido, numa oposição que já dura há dez anos e num confronto cego e sem sintonia popular. Submetido aos mesmos donos nos estados e nos plenários da Câmara e do Senado, o partido chegou ao raquitismo absoluto de idéias pela falta de renovação. Hoje, seus brados esganados não passam das tribunas parlamentares, enquanto os adversários que critica colecionam vitórias, derretendo o que resta de um partido já sem temperança.

No Rio Grande do Norte, por exemplo, muito antes dos petardos sofridos – pela ordem – contra a prefeita Claudia Regina, em Mossoró; e, no Estado, a governadora Rosalba Ciarlini, os Democratas já se esvaíam lentamente. Até nas suas críticas ao passado tornou-se um prisioneiro da ex-governadora Wilma de Faria, postura que se revelou mais uma vez inócua com ela liderando todas as pesquisas, enquanto o DEM definha, calado e mudo, hoje dependente do PMDB para não sucumbir de uma vez.

Dilacerado na altivez e no amor próprio, o DEM perdeu a voz até na defesa de si mesmo. Acusado por uma revista de circulação nacional de tráfico de influência no Governo Rosalba Ciarlini, por pagamentos privilegiados da ordem de R$ 150 milhões a uma empreiteira, calou. Quando indagado sobre o lançamento de nomes ao Governo e Senado suas vozes parecem temer desagradar ao PMDB e ameaçar a renovação do mandato de deputado federal de Felipe Maia, só emudecem e nada declaram.

Não bastasse o fracasso administrativo de Micarla de Souza que apoiou nas ruas numa aliança que venceu três governos – municipal, estadual e federal – colhe mais dois desastres de uma inegável magnitude politica: em Mossoró, reduto onde sempre foi o líder mais forte, e no Governo Rosalba Ciarlini, hoje com rejeição da ordem de 80%. E mais grave: sequer se sabe como pensa o DEM diante desses desastres como se pondo os antolhos fosse possível esconder a frustração pública que causou.

Transformado em capatazia, como todos os partidos no Rio Grande do Norte, o DEM não tem candidato a governador, a vice e a senador, para não incomodar ao PMDB. Serve apenas para abrigar os mandatos e empregos de filhos sob o falso argumento das vocações. Na verdade, envelheceu batido pela força do mar político. Já dando água no cavername, parece viver os últimos dias do seu pobre fim. Como os velhos navios quando gemem naufragando nas águas tristes de sua própria insignificância.

Fonte: http://jornaldehoje.com.br/author/vicente-serejo/

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