Sábado, 09 de agosto de 2025
Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo
Os papéis da Petrobras apresentavam queda firme no pregão desta sexta-feira, no dia seguinte à divulgação de seus resultados do segundo trimestre. Às 15h45, o papel ordinário da companhia (PETR3, com voto) caía 6,94%, aos R$ 33,14, enquanto o preferencial, mais negociado (PETR4, sem voto), cedia 5,23% , aos R$ 30,83. Com o firme recuo, a empresa já havia perdido cerca de R$ 27 bilhões em valor de mercado.
O dado não agradou aos investidores. A previsão da XP, por exemplo, era de uma distribuição de cerca de R$ 12,1 bilhões.
O papel reage também ao aumento de despesas operacionais a despeito dos preços mais baixos do barril do tipo Brent, referência no mercado internacional de petróleo. A geração de caixa medida pelo Ebitda (ganhos antes de juros, tributos, depreciação e amortização) no segundo trimestre ficou em US$ 10,2 bilhões.
Para o BTG, a queda no Ebitda de 14% na comparação anual e de 4% no trimestre refletiu os dois fatores, que foram “parcialmente compensados pelo aumento da produção”. O banco de investimentos frisa que a alavancagem aumentou, reduzindo a flexibilidade da empresa.
Os analistas do Citi também enxergaram o resultado como abaixo do esperado, com o aumento do capex (investimentos realizados em bens de capital pela empresa) apesar da diminuição do barril afetando o fluxo de caixa livre e, consequentemente, a distribuição de dividendos.
Na visão da analista Monique Greco, do Itaú BBA, é justamente o menor valor de dividendos anunciado, que é um fator importante para os investidores aplicarem na empresa, que provoca a negatividade no papel nesta sexta.
Desejo de volta ao gás também pressiona
De acordo com os analistas do Banco Safra, a volta à distribuição de gás no próximo plano estratégico “pode levantar preocupações” já que, segundo os analistas do banco, “tal movimento poderia abrir espaço para interferências nos preços de venda, comprometendo os retornos”.
O banco frisa ainda que os investidores possivelmente teriam um olhar mais cauteloso sobre a governança da empresa diante desse movimento pretendido.
A estatal já esteve presente nesse segmento com a Liquigás, empresa vendida para a Copagaz em 2021, durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022). Segundo fontes do setor, a investida da companhia atende a um pedido de Lula, que por diversas vezes já reclamou do preço do botijão de gás.
Ontem, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou a inclusão da volta ao segmento do GLP no Plano Estratégico da companhia e de participação em negócios rentáveis no segmento de distribuição em geral.
O segmento inclui a venda de gasolina e diesel em postos, algo que a Petrobras não faz mais desde que vendeu a BR, também na gestão Bolsonaro. Há uma limitação contratual para que a Petrobras volte ao setor até 2029.
Durante teleconferência realizada nesta sexta-feira para explicar o resultado do segundo trimestre, a presidente Magda Chambriard afirmou querer manter as “portas abertas” para vender combustíveis, como diesel e gás, a empresas e ao consumidor final em postos.
O Globo
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