Sexta, 04 de julho de 2025
João Nazareno Roque, de 48 anos, funcionário da empresa alvo do ataque hacker, foi preso pela Polícia Civil na quinta-feira, 3, sob suspeita de participar do golpe que desviou R$ 540 milhões do sistema Pix. Segundo as investigações, o empregado teria recebido R$ 15 mil para facilitar a ação criminosa contra a própria companhia, responsável por conectar bancos e fintechs à plataforma do Banco Central.
Em coletiva nesta sexta-feira, 4, o Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) detalhou que Roque, funcionário da C&M Software, foi preso sob acusação de vender logins e senhas da empresa e participar do esquema hacker. Segundo a polícia, o empregado já confessou o crime.
Em seu perfil no LinkedIn, Roque se apresenta como Desenvolvedor Back-End Jr., profissional responsável por criar e manter a estrutura digital que conecta sites, servidores e bancos de dados. A função inclui programação, testes e otimização de sistemas.
Os delegados responsáveis pela investigação explicaram que ele contou ter sido recrutado em um bar próximo à sua residência por criminosos que conheciam seu local de trabalho. Inicialmente, recebeu R$ 5 mil pelas credenciais de acesso e, posteriormente, mais R$ 10 mil para detalhar o funcionamento das transações via pix.
Segundo as investigações, a BMP foi a única instituição confirmada como vítima do golpe, com R$ 500 milhões subtraídos inicialmente. Do montante, R$ 270 milhões já foram bloqueados em contas bancárias, além de R$ 15 milhões em criptoativos. A Polícia Civil estima que o prejuízo final possa atingir quase R$ 800 milhões.
Os investigadores afirmaram que, embora não consigam precisar o valor total do golpe, ele já é considerado o maior da história. Todas as transações foram realizadas via Pix, mas nem o Banco Central nem a população teve prejuízo.
De acordo com o depoimento à polícia, o suspeito afirmou ter se comunicado com quatro indivíduos distintos, todos com vozes jovens, exclusivamente por chamadas em aplicativos. Ele declarou não conhecer os nomes dos outros envolvidos e relatou que o único que viu pessoalmente foi o autor da proposta inicial de R$ 5 mil.
Investigadores descreveram o esquema como “uma fraude de alta complexidade”. O ataque ocorreu entre 4h30 e 7h da manhã do dia 30 de junho. A empresa detectou as transações suspeitas em tempo real, formou imediatamente um time de emergência e acionou as autoridades.
“As transferências foram via pix. A empresa também atua via TED, mas essa ação criminosa foi via pix. O Banco Central não teve prejuízo nenhum, a empresa vítima foi a que contratou a C&M. Não há impacto financeiro ou prejuízo dentro do Banco Central”, detalhou Renan Topan, delegado do Deic.
“Eles [os hackers] emitiram uma ordem falsa de pix. Eles se passavam pela empresa vítima, que foi o BMP, dizendo que estavam enviando pix para outras empresas. Isso foi uma sequência em massa de operações”, acrescentou Topan.
Segundo a Polícia Civil, as próximas etapas da investigação incluem perícia nos celulares e computadores apreendidos com Roque, verificar a versão dele dos fatos, e realizar o rastreamento e bloqueio de valores suspeitos vinculados ao esquema em contas bancárias. O Terra tenta localizar a defesa do investigado. O espaço permanece aberto para manifestações.
Portal Terra com informações de Estadão
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