Sexta, 21 de junho de 2024
Segundo um relatório da PF, investigadores destacaram que os depoentes “não falaram a verdade” e apontaram “contradições” e “inconsistências” nas declarações fornecidas.
A Coordenação de Inquéritos dos Tribunais Superiores da PF registrou que “todos os assessores investigados ainda mantêm vínculos com o deputado federal André Janones, dependendo de seus cargos ou para a sua sobrevivência política ou para a sua subsistência”.
Contradições foram observadas, por exemplo, no depoimento de Alisson Camargos, que pretende se candidatar a vereador em Ituiutaba (MG) com o apoio de Janones. A PF verificou que, quando assessor, Alisson realizava saques mensais de R$ 4 mil, “justamente o valor que a investigação aponta que ele devolvia para o deputado federal André Janones”.
A tentativa de Alisson de justificar as movimentações financeiras foi descrita como atrapalhada pela PF.
“O declarante alegou ter o costume de realizar saques em espécie por não ser muito ligado a modernidades relacionadas a transferências eletrônicas”.
O ex-assessor também alegou que usava o dinheiro para “pagar contas de energia, água, aluguel”. Quando questionado sobre o motivo de não utilizar transferências bancárias, ele disse “não se lembrar”.
Outro ponto que chamou a atenção dos investigadores foi o fato de Alisson não possuir o contrato de locação do imóvel em que morava.
“Em cidade pequena não pactuam contratos. Tudo ocorre na confiança”, afirmou ele.
A PF destacou mais contradições de Alisson e de outros aliados de Janones. Alisson afirmou que nunca devolveu dinheiro e que, quando foi gravado confirmando rachadinha, mentiu para que Fabrício, também assessor de Janones, não pedisse dinheiro emprestado. No entanto, investigadores apontaram a inconsistência.
“Em um dos áudios, Alisson diz para Fabrício que já não devolvia mais dinheiro há quase dois meses, o que contradiz a desculpa para não emprestar dinheiro”.
Alisson também afirmou que Fabrício o aconselhava a juntar dinheiro para a campanha e que passou a dizer que fazia dois meses que não devolvia dinheiro para “mostrar que estava juntando dinheiro para a campanha”, o que contradiz sua versão dos pedidos de empréstimo. Quando questionado pelos investigadores sobre essa contradição, Alisson não conseguiu formular uma resposta e, demonstrando desconforto, limitou-se a dizer: “Uma coisa não tem nada a ver com a outra”.
A PF também identificou inconsistências nos depoimentos de Kamila Carvalho e Jéssica de Souza, assessoras de Janones. “Kamila afirmou que, juntamente com Jéssica, orientou o deputado André Janones a desistir da cobrança [devolução dos salários]. Já Jéssica afirmou que nunca mais conversou com Janones sobre isso [após a reunião cujo áudio foi revelado pela coluna]”.
A Polícia Federal registrou que tanto Kamila quanto Mario Celestino Junior, também assessor de Janones, “não falaram a verdade” em seus depoimentos, pois ambos argumentaram que o parlamentar pediu que o dinheiro devolvido fosse usado para financiar campanha eleitoral, e não para reconstruir patrimônio. No entanto, no áudio da reunião, Janones solicita claramente a devolução dos salários para “reconstruir seu patrimônio”, que teria sido “dilapidado”.
Um relatório de Guilherme Boulos ajudou André Janones a evitar um processo no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Entretanto, na esfera policial, as investigações contra o parlamentar continuam a avançar.
Fonte: Jornal da Cidade Online
Nenhum comentário:
Postar um comentário