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domingo, 20 de março de 2022

O “João sem-braço” da política brasileira

 Domingo, 20 de Março de 2022

“Esperteza, quando é muita, come o dono”. (Tancredo Neves).

Você, provavelmente, já ouviu diversas vezes a expressão popular “João sem-braço”. Ela se refere ao sujeito que se faz de desentendido, alguém que dissimula, que disfarça e esse fingimento tem o intuito de tirar vantagem, de conseguir para si algo que o beneficie.

Pois esse é Alckmin, o “João-sem-braço” da política brasileira. Antes de explicar, vamos elucidar a origem da expressão “João sem-braço”:

“Segundo o livro “O Guia dos Curiosos: Língua Portuguesa”, a origem da expressão remonta ao século XVII, período da Guerra Civil em Portugal. Na época, os mutilados e feridos em batalha eram dispensados de trabalhar ou voltar ao combate.

Para escapar de suas obrigações, era comum que homens sadios fingissem que perderam os membros. Com isso, popularizou-se dizer que eles estavam "a dar uma de João sem-braço".

Também era habitual usar o termo para mencionar pessoas que simulavam não ter os braços ou pernas a fim de pedir esmolas nas ruas. Com o tempo, a expressão se tornou uma metáfora para se referir a alguém dissimulado”.

Pois é, nosso “Alckmin-sem-braço” é notícia desde dezembro. Todos os dias sua cara de chuchu-molhado aparece nos jornais e ele sempre liso, sempre afirma que “aliança com o ex-presidente descondenado Luiz Inácio Lula da Silva, está próxima de ser sacramentada”. Atentem para a palavra “próxima”. Ela é usada por Alckmin desde o surgimento da notícia de que ele seria o vice de Lula.

Segundo o “demiurgo de Garanhuns”, unir-se com Alckmin é uma “estratégia que ajudará a ganhar a eleição. Avaliam, os caciques petistas, que ela ajuda a quebrar resistências ao centro e serve como uma espécie de “Carta ao Povo Brasileiro”, o documento com acenos ao mercado que foi decisivo para a vitória em 2002”.

É o que dizem, também, os especialistas e analistas em política brasileira.

Pois vou lhes dizer o que eu penso: Alckmin, como os portugueses que não queriam ir para guerra, está blefando. Dando uma de “João sem-braço”. Senão, vejamos as cartas que estão sobre a mesa:

- A candidatura de Alckmin-sem-braço não agrega votos, seus eleitores são todos conservadores;
- Se não agrega, a mudança de Alckmin para o PT desagrada e muito a todos os eleitores conservadores que sempre votaram contra o petismo;
- Nas hostes radicais petistas ferve o caldeirão e os que sempre lutaram contra os conservadores, agora serão obrigado a carregar o “Picolé-de-chuchu-sem-braço” que já fez duras afirmações contra Lula:
- Em 2006, no período de campanha, Alckmin disse que, diferentemente de Lula, ele não “convivia com o crime” e acusou o ex-presidente petista de “chefe de quadrilha” em relação ao escândalo do mensalão. Segundo o então candidato tucano, "o que os brasileiros viram nos últimos anos não tem paralelo na história - nunca houve tanta desfaçatez e tanto banditismo em esferas tão altas da República".
- “Que tempos são esses em que um procurador-geral da República denuncia uma quadrilha de 40 criminosos que tem na lista ministros, auxiliares e amigos do presidente? Que tempos são esses em que cada vez que ouvem uma notícia sobre a quadrilha dos 40, os brasileiros pensam automaticamente em silêncio: ‘e o chefe, onde está o chefe, o líder dos 40 ladrões’”, disse o ex-governador em um comício em Minas Gerais, em 2006.
- No mesmo ano, Alckmin disse que o PT tinha associação com o PCC em São Paulo. Ele chamou Lula de “fujão” e “covarde” por não aparecer em um debate após as primeiras reportagens sobre o mensalão. “Há indícios, sim [de associação]. Basta você olhar manifestos do PCC, o que eles dizem sobre a política e coisas que se diz que eles dizem, inclusive nas gravações. Eu não diria que há provas, mas isso merece ser investigado”, disse.

Em vídeo publicado no ano de 2017, em convenção nacional do PSDB, ocasião em que foi oficializado como presidente do partido, disse:

- “Depois de ter quebrado o Brasil, Lula diz que quer voltar ao poder. Ou seja, meus amigos, ele quer voltar à cena do crime”.

Assim, é provável que o “Picolé-de-chuchu-sem-braço” esteja enganando os petistas. Ele quer ser notícia. Ilude os canhotas, usa e faz de tolo o “demiurgo de Garanhuns”.

Sua estratégia clara é se promover através dos jornais de esquerda, do “Consórcio de Imprensa”, dos blogs de esquerda que o tornam noticia todos os dias.

Ao final, Alckmin, o chuchuzinho-inocente, sairá candidato a governador, pois a metade de sua propaganda política já foi feita. E bancada pelos seus antigos inimigos. Eles o promovem e ele dá uma de “João-sem-braço”.

Mas parece que o destino começa a jogar contra Alckmin: Eis a manchete da Folha nesta quarta:

- “Alckmin recebeu 3 milhões em caixa 2 da Ecovias, diz executivo em delação”.

Pronto, como dizia Tancredo na frase que abre o texto: agora a esperteza engoliu o dono. O vice ficou idêntico ao candidato a presidente.

Logo, logo veremos.


Fonte: Jornal da Cidade Online

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