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sábado, 14 de fevereiro de 2015

PMDB fortalecido deve usar fragilidade do governo para aumentar preço de apoio

Sábado, 14 de fevereiro de 2015


Diante de um governo que tem mostrado fragilidades, um PMDB fortalecido cobra mais diálogo e reconhecimento de sua força por parte do Palácio do Planalto para aprovar no Congresso medidas importantes para o Executivo, como as de ajuste nas contas públicas.

Até aí parece mais do mesmo, querendo mais espaço no governo, mais diálogo com a presidente Dilma Rousseff e mais influência nas decisões do Executivo. A novidade é que, diante da queda na popularidade da presidente, das dificuldades de articulação do governo, da fragilidade econômica e da necessidade de ajuste fiscal, devem intensificar as investidas para conseguirem o que buscam.

“Acho que o PMDB não participa da formulação das políticas públicas, acho que o governo da Dilma, do PT, é muito fechado, não tem muita abertura, muita comunicação, muito diálogo com o Congresso Nacional. Agora a presidente Dilma está tentando fazer essa aproximação”, disse à Reuters o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), um dos dez vice-líderes do governo na Câmara.

O deputado vai mais longe ao dizer que avalia que a grande maioria da bancada do PMDB acha que o partido tem um “tratamento menor do que o seu merecimento”.

Em reuniões internas, os peemedebistas têm manifestado o descontentamento nas relações com o setor de articulação do governo, com o espaço dado ao partido no novo mandato e com manobras que teriam a digital do Executivo para aumentar a força dos ministros Gilberto Kassab (Cidades) e Cid Gomes (Educação), que se movimentam para criar blocos partidários para contrapor o PMDB.

Ainda assim, uma fonte próxima ao alto comando peemedebista disse à Reuters que o PMDB está longe de adotar postura de independência em relação ao governo e aos cargos que ocupa na administração. O PMDB também diagnosticou as fragilidades vividas pelo governo na área de articulação política, segundo essa fonte.

Na avaliação do cientista político Carlos Melo, do Insper, o PMDB deve se aproveitar dessa fragilidade, aliada à queda da popularidade de Dilma, à fragilidade econômica e à necessidade de ajustes econômicos, para se cacifar.

“A gente está acostumado com um Poder Executivo muito forte, que pega o seu poder de máquina e vai lá e determina o comportamento do Legislativo. Dessa vez não vai ser assim. Com um governo com essa fragilidade toda, o poder vai ter que ser compartilhado com o Congresso”, afirmou Melo.

Para ele, o Planalto terá de negociar ponto a ponto de sua agenda com o Congresso, especialmente com o PMDB, e Dilma terá de encontrar alguém em sua equipe com capacidade de fazer essa negociação.

Dilma já foi orientada a fazer uma aproximação. Ela se reuniu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem se encontrado com líderes de partidos aliados, em São Paulo na quinta-feira.

Próximo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Castro avalia que caberá ao governo decidir que relação terá com o maior partido da base aliada.

“Quem vai ditar o comportamento do PMDB é o governo. Se o governo distensionar, se o governo se abrir ao diálogo, o PMDB na sua ampla maioria tem esse propósito”, disse Castro.

Partido do vice-presidente Michel Temer, de seis ministros de Dilma e dos presidentes do Senado e da Câmara, o PMDB tem feito movimentações no Congresso com potencial de desagradar ao Palácio do Planalto, numa provável demonstração de sua força para o Executivo.

Cunha, por exemplo, criou a contragosto do PT uma comissão para analisar a reforma política na Câmara e colocou como presidente o deputado oposicionista Rodrigo Maia (DEM-RJ), dando a seu aliado Marcelo Castro a relatoria.

Também decidiu convidar todos os 39 ministros de Dilma para prestar esclarecimentos na Câmara e, ao lado de peemedebistas no Senado, pode contribuir para derrubar o veto de Dilma ao reajuste de 6,5 por cento na tabela do Imposto de Renda.

Entre os senadores, onde a vida do governo costuma ser mais tranquila, um grupo de senadores do PMDB declarou-se independente e, com apoio da oposição, lançou sem sucesso candidatura alternativa à de Renan Calheiros (PMDB-AL) para a presidência da Casa.

Ainda assim, o primeiro vice-presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), garante que a relação do partido com o Planalto tem melhorado e que a sigla “não faltará” ao governo, embora afirme que será necessário buscar um “equilíbrio” em relação às propostas de ajuste encaminhadas pelo governo.

“(A relação) tem melhorado bastante nos últimos tempos e esse é um ano de harmonia. Temos que harmonizar o PMDB com o governo. Acho que é o momento que o governo mais precisa do PMDB no Congresso para poder aprovar as reformas”, avaliou.

“O PMDB não vai faltar a esse apoio, sem descuidar também da população, dos benefícios da população. Vamos encontrar um ponto de equilíbrio nessas questões”, assegurou.



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