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sábado, 14 de fevereiro de 2015

Paulo Roberto Costa diz que não foi único diretor a receber propina

Sábado, 14 de fevereiro de 2015

Por Veja


Principal delator do escândalo do petrolão, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse nesta sexta-feira, em depoimento ao juiz federal Sergio Moro, que os partidos políticos que indicaram dirigentes para a estatal “sempre” exigiam benefícios financeiros em troca de apoio. As declarações do ex-diretor detalham o funcionamento do esquema de cobrança de propina e desvio de recursos em contratos na petroleira – e até o momento já apontaram que PT, PMDB e PP embolsaram dinheiro sujo do propinoduto.

Em acordo de delação premiada, Paulo Roberto Costa citou como beneficiário da propina o deputado cassado Pedro Corrêa (PP-PE). Ele foi condenado no julgamento do mensalão por ter recebido dinheiro em troca de apoio político do PP ao governo Lula. No escândalo do petrolão, o ex-parlamentar embolsou 5,3 milhões de reais em propina para despesas de campanha em 2010. Embora o PP seja apontado como um dos principais partidos que atuavam no esquema de corrupção na Petrobras, o alto valor da propina paga ao ex-congressista chamou atenção do próprio Costa. “[Era] um repasse extraordinário pois não era comum que um único parlamentar do PP recebesse uma quantia dessa monta do caixa de propinas do PP”, disse o ex-diretor.​

Como testemunha de acusação, Costa voltou a afirmar que a distribuição de dinheiro envolveu contratos controversos, como a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, e beneficiou não só a diretoria de Abastecimento, mas também outros integrantes na cúpula da companhia. Em acordo de delação premiada, Costa já havia indicado que o ex-diretor da Área Internacional Nestor Cerveró, autoridades ligadas ao PMDB e o operador do partido no escândalo do petrolão, Fernando Baiano, podem ter embolsado até 30 milhões de dólares em propina na compra de Pasadena. “Nenhum partido dá apoio político só pelos belos olhos daquela pessoa ou pela sua capacidade técnica. Sempre tem que ter uma coisa em troca. Na diretoria Internacional, que tinha apoio do PMDB e do PT, comentava-se que esses partidos teriam benefícios. Pelos comentários que se faziam internamente [Cerveró também recebia propina]”, disse. “Se eu recebi, outros diretores possivelmente também receberam. Por que só eu receberia?”, completou ele.” As pessoas sabiam o que estava acontecendo e comentavam que tinham alguns partidos [cobrando propina]. Não se chega a diretor da Petrobras sem apoio político”.

No caso da refinaria de Pasadena, o próprio Costa recebeu 1,5 milhão de dólares em propina de Fernando Baiano “para não criar entraves ou empecilhos”. A compra da unidade de refino no Texas é considerada um dos negócios mais mal sucedidos da história da Petrobras e provocou prejuízo de 792 milhões de dólares aos cofres da estatal, segundo cálculos do Tribunal de Contas da União (TCU).

Paulo Roberto Costa disse que recebeu propina também da empreiteira Andrade Gutierrez. Em seu acordo de delação premiada, o ex-diretor já havia confirmado que a Andrade Gutierrez, que integrava o Clube do Bilhão, pagou propina para o PMDB após ter sido cobrada por Baiano. “Grande parte [dos pagamentos de propina] foi feita em contas no exterior e valores menores no Brasil”, afirmou o ex-dirigente, que viajou ao paraíso fiscal de Liechtenstein acompanhado de Fernando Baiano para, no Vilartes Bank, discutir mecanismos para receber propina de 3 milhões de dólares sem deixar rastros. “Quando ele fez remessas para o exterior, eu estive com ele uma vez em Liechtenstein, em um banco, onde me apresentou pessoas do Vilartes Bank”, relatou.

Em depoimento ao juiz Sergio Moro, Paulo Roberto Costa voltou a confirmar os porcentuais de propina exigidos pelas diretorias da Petrobras: 1% para a diretoria de Refino e Abastecimento, 2% para a de Serviços, controlada pelo ex-diretor Renato Duque, indicado ao cargo pelo ex-ministro mensaleiro José Dirceu.​

Em nota, a Andrade Gutierrez negou que tenha feito pagamentos de propina a Costa. “A Andrade Gutierrez nega e repudia as acusações - baseadas em ilações e não fatos concretos – e afirma, como vem fazendo desde o início das investigações, que nunca fez parte de qualquer acordo de favorecimento envolvendo a empresa e a Petrobras. A Andrade Gutierrez reitera, mais uma vez, que não tem ou teve qualquer envolvimento com os fatos relacionados com as investigações em curso”, informou a companhia.



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