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domingo, 7 de setembro de 2014

Geração térmica avança e pesa no RN

07 de Setembro de 2014

Vinícius Menna
repórter

Com as secas que o país vem enfrentando nos últimos anos, a dependência da energia térmica – uma das mais caras entre as fontes – cresceu em todas as regiões. No Rio Grande do Norte, a geração das termelétricas aumentou em 30,56% entre janeiro e julho de 2014, no comparativo com o mesmo período do ano passado. E embora a energia obtida dos ventos tenha crescido, a participação das térmicas ainda é maior na matriz energética do RN, representando 69,44% do que é escoado para o sistema nacional. Mas os reflexos disso só deverão ser sentidos com mais força nas contas de luz a partir de 2015. Conforme o Ministério de Minas e Energia (MME) anunciou em agosto, os reajustes da tarifa devem ser de 2,6% em 2015, 5,6% em 2016 e 1,4% em 2017.

Alberto Leandro
Parte da estrutura em usina termelétrica instalada em Macaíba: geração também cresce no NE

Embora a geração das eólicas tenha crescido mais que a das térmicas entre janeiro e julho de 2014, no comparativo com o mesmo período de 2013, variando em 78,79%, essa energia ainda não representa a maior fatia da matriz energética potiguar. Nos primeiros sete meses de 2014, foram gerados 2.248,92 megawatts médios (Mwmed) pelas térmicas, frente aos 989,65 Mwmed das eólicas.

No Nordeste, a geração de energia térmica também cresceu, com variação de 35,87% entre janeiro a agosto de 2014, no comparativo com o mesmo período de 2013. Ao todo, foram gerados 29.101 Mwmed nos primeiros oito meses de 2014, enquanto em 2013 esse número foi de 21.418 Mwmed.

A dependência das térmicas afeta diretamente a indústria de transformação, que tem na energia um dos seus principais insumos. Isso é o que explica o presidente do Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem do RN, João Lima, que também preside o Conselho de Consumidores da Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern).

“Está faltando geração de energia hidrelétrica. O fato de ter chovido menos é que levou à necessidade de despachar as termelétricas. Com isso, aumenta o preço da energia e gera impacto nos custos da indústria”, explica Lima. “Isso atrapalha a produtividade porque a energia é um insumo muito importante, ela impacta todas as categorias da indústria de transformação”, diz.


Por existirem variações de uma indústria para a outra em relação à dependência da energia elétrica, João Lima não soube quantificar o impacto das térmicas nos custos. A termelétrica Jesus Soares Pereira, mantida pela Petrobras, é a que tem a maior potência instalada do RN: são 323 MW. Localizada no município de Alto do Rodrigues, a 180 km de Natal, a usina começou a operar comercialmente em setembro de 2008 e destina 100% da energia ao sistema nacional.

Ela é movida a gás natural e opera em sistema de cogeração, isto é, além de produzir energia, ela gera vapor para os campos de produção de petróleo da Petrobras na região. Isso é feito através do calor que é recuperado dos gases resultantes da geração de energia. O Custo Variável Unitário (CVU) da usina é de 314,63 R$/MWh.

Situadas às margens da BR-304, em Macaíba, estão as outras duas maiores térmicas do Estado: a Potiguar III e a Potiguar, com potência instalada de 64,4 MW e 53,12 MW, respectivamente. As usinas – pertencentes à Companhia Elétrica Potiguar (CEP), do grupo Global – são separadas da rodovia e de uma pousada que fica ao lado por um muro de cinco metros de altura, por onde sai a fiação que cruza a BR para levar energia ao sistema nacional.

Além dessas três, há mais 11 usinas no RN. As 14 termelétricas respondem por 508,9 MW, o que representa 31,75% da capacidade de todas as fontes do Estado. A TRIBUNA DO NORTE procurou o Grupo Global para detalhar as atividades de suas usinas, mas a empresa não atendeu às solicitações.

CUSTOS
Em estimativa dos Encargos de Serviços do Sistema (ESS) realizada em março de 2013, a Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) apresentou resultados que mostram que os Custos Variáveis Unitários (CVUs) das usinas Potiguar e Potiguar III, de Macaíba, eram de 1.006,71 reais por megawatt-hora (R$/MWh) no período. Os custos verificados nas usinas potiguares as deixaram na quarta colocação entre as 31 termelétricas incluídas no relatório da Abrace, ficando atrás apenas das usinas Pau Ferro I e Termonautas (1.116,71 R$/MWh), localizadas em Pernambuco, e da termelétrica Xavantes, em Goiânia (1.018,16 R$/MWh), A TRIBUNA DO NORTE procurou a Abrace para obter dados mais recentes dos Encargos de Serviços do Sistema, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.


Fonte: Tribuna do Norte

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