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sábado, 12 de julho de 2014

Aposentado que doou ingresso da Copa de 1950 perde convite para a final deste ano


Joedir Belmont tinha ingresso para a Copa de 50 e não foi, mas doou para a Fifa e, em troca, ganhou um para domingo

Gustavo Stephan / Agência O Globo
RIO — Uma relíquia guardada a sete chaves, um descuido imperdoável, a promessa de um final feliz. Os últimos meses de Joedir Sancho Belmont renderam episódios dignos de telenovela, com idas e vindas, e um desfecho ainda imprevisível. Morador de Conceição de Macabu, no Norte Fluminense, Joedir manteve em sua posse um bilhete para a final da Copa de 1950, entre Brasil e Uruguai, durante 64 anos. À época, o ingresso fora adquirido por um primo, que morava no Rio, mas o jovem Joedir — então com 21 anos — não pôde ir ao Maracanã porque a mãe ficou doente. Resignado, ouviu a tragédia do Maracanazzo pelo rádio. 

Os anos se passaram, e o bilhete ficou guardado a sete chaves. Até que surgiu a oportunidade de dar uma destinação valorosa à relíquia: no mês passado, o aposentado doou o tíquete para o museu da Fifa, em Zurique. Em retribuição, a entidade lhe deu um ingresso em área VIP para a final desta Copa, no mesmo Maracanã. Por um vacilo, Joedir deixou o ingresso cair do paletó, durante uma viagem do Rio para sua terra natal. A Fifa lhe prometeu outra chance, neste domingo. 

— Entreguei o ingresso da Copa de 1950 nas mãos do Jérôme Valcke (secretário-geral da Fifa) no dia 27 de junho, numa cerimônia no Maracanã. E ele me entregou uma entrada VIP para assistir à final de 2014. Entrei no carro às 15h, rumo à Conceição de Macabu. Às 20h, o ingresso não estava mais comigo. Certamente deixei cair em alguma lanchonete, durante a viagem. Parece mesmo inacreditável: guardei um ingresso durante 64 anos e consegui perder o outro em 5 horas — conta o aposentado. 

Fanático por futebol, o flamenguista Joedir ficou bastante abatido com o seu imperdoável descuido. A reação da Fifa não chegou a ser inesperada: recebeu a notícia com desconfiança. Foram necessários muitos telefonemas, mensagens de e-mail e encontros pessoais para a família de Joedir conseguir convencer dirigentes da entidade máxima do futebol de que não se tratava de um golpe. Nesta quinta-feira, um dos filhos do aposentado, que comprou um ingresso para acompanhar o pai, recebeu a garantia de que, neste domingo, conseguirá um novo convite para a final da Copa. 

Segurando uma papelada que atesta a veracidade de toda a saga, Seu Joedir disse estar feliz com a chance de assistir à decisão do Mundial, mesmo com o sonho do hexacampeonato adiado. 

— Fiquei muito chateado com o que aconteceu. Mas todos sabem que não foi má-fé. Sou um cara de bem, muito respeitado em minha cidade — diz. 

Nesta Copa, Seu Joedir teve a oportunidade de acompanhar os filhos em duas partidas, no Mineirão, durante a primeira fase: Bélgica x Argélia e Colômbia x Grécia. Após o término das partidas, precisou caminhar cerca de dois quilômetros na saída do estádio para pegar um ônibus, na maior prova de que a devoção pelo velho esporte bretão supera todas as adversidades. E para quem ele vai torcer para erguer a taça? 

— Meu desejo mesmo era ver o Brasil na final. Não reclamo. O país continua sendo um celeiro de craques, mas não avançou no futebol “científico” jogado hoje. Vou ficar com a Alemanha.

Fotos da Final da Copa de 1950 no Maracanã

Brasil perdeu para o Uruguai


Fonte: J.Belmont

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