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quinta-feira, 22 de maio de 2014

Morte de Josino não esconde crise com casal Carlos e Rosalba

Quinta-Feira - 22/05/2014

Jogo do Poder

Quando Rosalba Ciarlini (DEM) venceu as eleições ao Governo do Estado em 2010, o procurador de carreira do Rio Grande do Norte, Francisco Wilkie Rebouças Chagas Júnior, atual presidente da Associação dos Procuradores do Estado do Rio Grande do Norte (ASPERN), esteve próximo de ser nomeado como procurador geral do Estado. Ficou no “quase”.


Josino foi isolado por Carlos, que tinha outra opção para PGE (Foto: coletada no Google, sem identificação de autoria)

Agora, com a morte do titular deste cargo, Miguel Josino Neto, a hipótese de ele ser ungido volta a ser requentada. É candidatíssimo ao cargo, com preferência pessoal do todo-poderoso Carlos Augusto Rosado (DEM), secretário-chefe do Gabinete Civil de sua mulher, Rosalba. Josino, na verdade, apesar de ser um técnico de alta reputação, estava escanteado no governismo.

Wilkie foi procurador geral do Município do Natal. Fora cedido por Rosalba em ato publicado no dia 26 de abril de 2012, no Diário Oficial do Estado (DOE), para a gestão apocalíptica da prefeita Micarla de Sousa (PV), quando da saída do procurador Bruno Macedo. Tinha o apoio do senador José Agripino (DEM) e a simpatia do então vice-governador Robinson Faria (PSD).

Carlos gostou dele, e chegou a lhe acenar com a preferência para a Procuradoria Geral do Estado (PGE), no processo de formação da equipe de auxiliares de Rosalba no final de 2010, pós-eleição. Porém teve que refluir.

Ricardo e Paulo de Tarso

Ocorre que Miguel Josino chegou para a disputa amparado na influência do ex-deputado estadual e jurista Paulo de Tarso Fernandes, que condicionara sua aceitação para o cargo de Chefe do Gabinete Civil do Estado, à indicação de toda a área jurídica do Estado. Josino teve mais um reforço de peso: Ricardo Motta (PROS), presidente da Assembleia Legislativa e tio de sua mulher – Carla Motta.

Miguel levou a melhor, sem sobressaltos. Além disso, ainda indicou seu adjunto, procuradora Magna Letícia de Azevedo Lopes Câmara. Entretanto não desembarcou no cargo com o prestígio esperado, não obstante o forte endosso político de Tarso e Motta.

Passou a ter a antipatia de Carlos Augusto e viu a Procuradoria se fracionar em três alas: seus simpatizantes, a oposição comandada por Wilkie, e os outros postados numa zona de equidistância de ambos os blocos.

Essa situação originou, inclusive, o afastamento gradual de Miguel do prédio da Procuradoria, o que o levou a ser batizado pelos adversários de “Procurador fantasma.” Parecia deslocado em seu próprio ambiente de trabalho. Seu habitat era uma cova de perfídias.


Wilkie: primeira opção (Foto: PMN)

Esvaziamento

Com a renúncia de Magna Letícia, em outubro de 2013, advinda da falta de apoio por parte de Rosalba à sua pretensão de ser desembargadora do Tribunal de Justiça do RN (TJRN), Carlos Augusto chamou Wilkie e lhe ofereceu a Procuradoria Adjunta. Sem sucesso.

Ele recusou. Mas instado a indicar um nome de sua preferência, apontou seu “alter ego” Cristiano Feitosa para o cargo.

Hoje, Cristiano é o procurador geral em exercício com a morte de Miguel Josino. Por lá pode continuar. Tudo indica que quer. Mas o lugar, pela preferência pessoal de Carlos Augusto, é de Wilkie.

Por sua natureza centralizadora e refratária a quem questiona sua vontade, Carlos Augusto Rosado tem a chance de fazer valer seu desejo primário de botar Wilkie Júnior na Procuradoria Geral do Estado. Dessa vez, não abre mão da varinha de condão para dizer quem é quem e pronto.

Com a assunção de Cristiano ao cargo de adjunto, Carlos já deixara Miguel Josino como procurador geral apenas quanto às questões jurídicas. Quem administrava a PGE era Cristiano Feitosa. Somente Cristiano Feitosa era recebido por Carlos Augusto que, nos últimos tempos, sequer tinha Josino na conta de um de seus interlocutores.

Vontade suprema

Carlos, tido sempre como “governador de fato”, cabendo à mulher apenas à exposição pública de “governadora de direito”, até cogitou ejetar Miguel Josino da Procuradoria, mas foi prudente – resolvendo “apenas” esvaziar seus poderes . Temia levar Ricardo Motta à erupção, com represálias na AL, onde seu governo vive em minoria e no fio da navalha.

Quanto a Tarso, sem problemas, visto que ele já saíra do Governo brigado com o próprio casal.


Motta e Tarso: apoio a Josino (Foto: AL)

A mudança com nomes finalmente da vontade suprema de Carlos Augusto Rosado, pode resultar numa reviravolta em termos de instalações e meios de trabalho na PGE. Na gestão Josino, a precariedade era regra e não uma exceção por lá.

Com Wilkie Júnior e Cristiano Feitosa, Carlos tinha um olho e uma língua dentro da Procuradoria Geral do Estado. Com ambos de fato e direito na chefia e posto adjunto, passa a ter corpo e alma nesse órgão estratégico.

Comandante plenipotenciário do Governo do RN, Carlos quebra um dos últimos focos de contrariedade aos seus desejos no âmago do governo, com a ajuda de um caso fatídico: a morte de Miguel Josino.

É assim que vai fechar os últimos meses de gestão.


Fonte: Carlos Santos

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