Mais da metade dos consumidores brasileiros foi vítima de alguma fraude nos últimos 12 meses. É o que aponta pesquisa divulgada ontem pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Os dados mostram que 54% dos consumidores passaram pelo problema. São 5,4 milhões de vítimas somente nas capitais. A lista de práticas fraudulentas mais frequentes é encabeçada por casos de propaganda enganosa.
Consumidores natalenses não estão “blindados” contra esse tipo de problema. Atraída pela propaganda de uma operadora de telefonia cuja promoção prometia ligações ao custo de centavos ao dia, a atendente Shirley Marcolino Barbosa, de 23 anos, não pensou duas vezes: contratou o serviço. O problema é que, apesar do que a promoção informava, as letras miúdas do contrato especificavam limites para o serviço, condições que não estavam na propaganda.
Assim como Shirley, muitos consumidores sofreram com as propagandas que prometem algo diferente da realidade. No Brasil, esse percentual foi de 31% das vítimas de fraudes. Entre eles, 95% disseram que agora estão mais atentos diante de anúncios que prometem oportunidades únicas a preços milagrosos.Apesar de se considerar mais atenta agora, Shirley conta que optou por não processar a operadora. “Mas vi que muita gente reclamou. Eu acabei não indo atrás dos meus direitos porque estava sem tempo”, conta.
Allan Medeiros, de 27, que gerencia uma loja de empréstimo consignado, também diz ter sofrido com fraudes. No caso dele, o problema foi a clonagem de um cartão de crédito. A pesquisa identificou ainda outras modalidades de fraude frequentes entre as vítimas no período levantado. Os casos mais comuns foram registrados no comércio, no setor de serviços, no sistema bancário e na internet.Depois das propagandas enganosas, o tipo de fraude mais comum é a prática de entregar um serviço diferente do que foi inicialmente contratado.
Entrega
Pior do que não entregar o produto como o prometido é simplesmente não entregá-lo. Parece brincadeira, mas acontece, diz a coordenadora institucional da Associação de Consumidores Proteste, Maria Inês Dolci. Recentemente, uma loja na internet foi retirada do ar por vender produtos e não entregar. “O consumidor comprava e eles não entregavam as mercadorias. Se tratava claramente de uma fraude”, conta. Os consumidores brasileiros relataram ainda no estudo do SPC Brasil e CNDL que tiveram dificuldades de acionar a garantia após a compra de um produto. Outro problema apontado foi o de combustível adulterado. Para Maria Inês Dolci, algumas empresas se mantém resistentes em atender ao que diz o Código de Defesa do Consumidor. “Tem que haver uma fiscalização junto aos fornecedores para que se possa coibir atos como esses. Quando você faz essa fiscalização, coibindo práticas fraudulentas, você acaba tendo menos vítimas”, afirma .
A pesquisa mostrou ainda que muitos brasileiros, mesmo sendo vítimas de golpe, não possuem plena consciência de que foram enganados. Quando perguntados se já foram vítimas de fato, apenas 28% disseram que sim, percentual bem menor do que o obtido, quando os pesquisadores fizeram perguntas estimulando as situações de fraude (54%). A reportagem tentou, mas não conseguiu contato com representantes dos Procons estadual e municipal para que comentassem a pesquisa.
Fonte: Tribuna do Norte
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