martins em pauta

domingo, 5 de junho de 2011

Assassinatos nos primeiros cinco meses já chegam a 83% do ano passado

2011 pode ficar marcado como o mais violento já registrado em Mossoró



Mossoró tem se destacado no cenário nacional como uma cidade em franca expansão e com potencial de crescimento dentre os maiores do país, mas em contrapartida a escalada da violência também tem evoluído vertiginosamente.

Nossa reportagem teve acesso a levantamentos estatísticos do Instituto Técnico Científico de Polícia (ITEP) e constatou que o ano de 2011 pode ficar marcado como o mais violento já registrado em Mossoró.

Enquanto nossa equipe colhia dados para esta matéria fomos informados de mais um caso de morte por arma de fogo, a 96ª vítima do no de 2011 em. Na última noite mais um homicídio aconteceu na Favela do Fio – aumentando a estatística para 97 mortes.


De 2009 a 2010 houve um aumento de 300% no número de homicídios por armas de fogo. Comparando os 12 meses de 2010 com os cinco meses e cinco dias de 2011, o Itep já contabilizou um aumento de 83,3%.

Faltando ainda mais de seis meses para o término do ano, e caso Mossoró continue mantendo a estatística de uma morte a cada dois dias, as vítimas de homicídios por mortes violentas atingiram patamares nunca vistos.

Assim como nos três últimos anos analisados, o perfil das vítimas de homicídios é, em sua maioria, composto por pessoas do sexo masculino, com 96,84%, na faixa etária dos 16 aos 30 anos, com 61,05% dos casos.

Dentre os cinco primeiros meses analisados este ano, o que contabilizou mais vítimas foi maio, com 25 mortes por arma de fogo; seguido por abril, com 21 vítimas; março com 18 casos; fevereiro com 14 assassinatos; e janeiro com 15 homicídios.

Os números demonstram, mais uma vez, uma escalada no número de homicídios com média de três assassinatos, a mais, a cada trinta dias (um mês).


POLICIAMENTE OSTENSIVO

Na tentativa de conter o avanço da violência, o comando da Polícia Militar tem enviado um reforço de 40 policiais, além de motocicletas e veículos tipo Blazer, mas a medida não tem surtido efeito e o número de assassinatos continua crescendo a cada mês.

As autoridades policiais da cidade atribuem o crescimento da violência ao avanço do tráfico de drogas, principalmente na periferia, com 90% dos casos.

O comandante do 2º Batalhão de Polícia Militar (2º BPM), tenente-coronel Túlio César, chama a atenção para o perfil da maioria das vítimas, que é composta de pessoas ligadas ao consumo de entorpecentes.

"Muitos são usuários de drogas, ou pequenos gerentes de bocas de fumo. Alguns já até cumpriram pena por tráfico ou estavam em liberdade condicional".

Com base nesse perfil, o tenente-coronel acredita que a maioria desses homicídios são motivados pelo acerto de contas entre traficantes e usuários.

O comandante do 2º BPM de Mossoró alegou ainda que a PM tem limitações no combate ao tráfico. "Não podemos prever crimes premeditados, como têm ocorrido em sua maioria, além disso, nossos policiais andam fardados, em viaturas caracterizadas e de forma ostensiva. Quando criminosos veem nos policiais, os traficantes dão um jeito de se livrar das drogas".

Entretanto, ele garante que a PM tem feito o seu papel de prevenção e repressão. "Temos sempre feito pequenas apreensões".

MOSSORÓ ARMADA

As armas de fogo representaram 85,19% das causas de mortes por homicídio no ano de 2010. Segundo dados da Polícia Civil, a facilidade em se adquirir uma arma em Mossoró tem sido um dos principais agravantes no que diz respeito à onda de violência.
Isso pode ser constatado pelos relatos dos Boletins de Ocorrências (BO) que evidenciam algumas formas de aquisição dos armamentos: 80% dos depoimentos atestam que as armas são adquiridas na Feira do Vuco-Vuco, outros 20% ficam distribuídos entre a venda de armas e a confecção de espingardas artesanais, produzidas por ferreiros.
O valor de uma varia conforme seu poder de fogo. Nos BOs, relatos de pessoas presas por porte ilegal de arma de fogo revelam que um revólver pode variar entre R$ 300,00 e R$ 800,00. Já as pistolas custam em torno de 1 mil a R$ 1.500,00. Daí pra frente os valores vão subindo conforme o aumento do calibre do armamento.
Nossa reportagem procurou junto ao Fórum Desembargador Silveira Martins, nas delegacias de polícia e no 2º BPM, informações sobre estatísticas da quantidade de armas apreendidas em Mossoró, mas nenhuma das instituições possui dados específicos em seus bancos de dados.
A única fonte sobre o recolhimento de armas foi localizada no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, que mantém guarda em seu poder 3.531 armas. Em todo o país, cerca de 752.934 armas estão guardadas nos 27 Tribunais de Justiça dos Estados. É um verdadeiro arsenal.
O número é quase igual ao total de armas em poder dos órgãos de segurança pública do país (incluindo polícias Civil, Militar, Federal, Rodoviária Federal e Força Nacional), que chega a 766.100 unidades. É isso que mostra um levantamento inédito realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).



Fonte: Jornal Gazeta do Oeste editado por Martins em Pauta
via Passando na Hora

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contato : (84) 9 9151-0643

Contato : (84) 9 9151-0643