Terça, 02 de dezembro de 2025
A sua saudação fala uma língua ininteligível para o seu público. O que seria uma “presença estruturante”? Somente os iniciados em análise marxista da História pescam o significado profundo da expressão. Ainda bem, para Janja, que a maioria dos evangélicos não fará essa relação.
Mas tem outra referência mais fácil. Ao celebrar “a força e união (das mulheres evangélicas) na luta contra as desigualdades”, fica claro que Janja se dirige a um tipo específico de pessoa, o evangélico petista. Trata-se de uma minoria, razão pela qual a aprovação do governo é minoritária nesse campo, mas existe. E Janja, ao usar um jargão típico dos movimentos de esquerda, parece não fazer questão de alargar esse apoio.
Por fim, destaque-se a saudação às “mulheres evangélicas”, e não aos evangélicos como um todo. Janja faz questão de sublinhar o recorte identitário de sua preferência, em uma abordagem alienígena ao ethos evangélico.
A maior parte dos evangélicos sabe que Janja, se não tivesse interesse de bajular o grupo, estaria usando o termo “evangeliques” ou “evangelicxs” e aproveitaria o dia para lembrar que os evangélicos são um entrave para o seu projeto de legalizar o aborto no Brasil. Mas como o cálculo político fala mais alto, a máxima concessão que se permitiu foi dirirgir-se “às mulheres evangélicas”. Engana-se quem quer ser enganado.
Marcelo Guterman. Engenheiro de Produção pela Escola Politécnica da USP e mestre em Economia e Finanças pelo Insper.
Fonte: Jornal da Cidade Online


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