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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Governo faz encenação, mas vai somar “juros estratosféricos” ao rombo bilionário dos Correios

Quinta, 04 de dezembro de 2025



O governo poderia evitar esse custo. Bastaria tornar os Correios uma estatal dependente do Tesouro e capitalizar a empresa, tirando R$ 20 bilhões de outro lugar do Orçamento, ou mudando a meta fiscal para acomodar mais esse gasto sem abrir mão de nada, como é o costume. Ao menos seria mais honesto com os pagadores de impostos.

Uma outra alternativa, menos traumática, seria um empréstimo do BNDES a juros camaradas. Mas só imagine o desgaste político de ter o BNDES envolvido na salvação dos Correios. Precisava ser uma solução “de mercado”.

O problema é que quando o mercado deu o seu preço, o governo não gostou. Apesar das “garantias” do governo, o preço foi diferente de uma LFT, papel emitido diretamente pelo Tesouro. Por que? Porque o empréstimo é longo (15 anos) para uma empresa quebrada e cuja governança é mais que duvidosa. Ou seja, trata-se de doação a fundo perdido, com a dor de cabeça de ter que acionar a União para executar as “garantias”. Capaz de receberem precatórios como pagamento. É o mesmo que comprar CDBs do Master com garantia do FGC. Mesmo com essa garantia, o banco precisava pagar 140% do CDI para atrair investidores.

O governo deveria parar de fazer de conta que os Correios têm solução e começar o seu desmonte. Enquanto não faz isso, os pagadores de impostos continuarão sendo chamados a cobrir o rombo.

Marcelo Guterman. Engenheiro de Produção pela Escola Politécnica da USP e mestre em Economia e Finanças pelo Insper.

Fonte: Jornal da Cidade Online

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