martins em pauta

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Embalada por perversidades, a esquerda é estratégica, é disciplinada e é paciente. O povo carioca que o diga!

 Quinta, 30 de outubro de 2025




Numa escala bem menor, o potencial de proibição da ação da polícia nos morros cariocas, aplicada por Brizola, pelo menos respeitava os ditames da lei. Em alguns pontos, se preciso fosse, alteravam a lei para justificar tais ações políticas e ideológicas.

Sob o mesmo pano de fundo, e principal pretexto, o da “proteção dos pobres”, etc., etc., etc., enfim, tal qual é hoje, o que muda são os protagonistas, os coadjuvantes e os figurantes, deixando a cargo dos roteiristas o comando da trama.    

Naquele tempo, o Brasil inteiro sabia que os bicheiros mandavam e desmandavam no Rio de Janeiro, com braços espalhados por todo o Brasil. Era comum vê-los associados no conluio com policiais, mais especificamente com a Polícia Civil, muitas vezes, até no alto comando, nos destinos do carnaval e até no futebol. Tudo que era do gosto popular, ganhava a simpatia do povo para com as contravenções e contraventores.

Para os amantes do futebol, não é difícil lembrar do vice-campeão brasileiro de 1985, no terceiro ano do primeiro mandato do Leonel Brizola como governador do Rio de Janeiro (1983 a 1986). Na final contra o Coritiba, o Bangu ficou com o vice-campeonato e tinha Nilo Batista como presidente, mas o patrocínio do clube era bancado pelo famoso bicheiro e presidente de honra do clube, Castor de Andrade.

Nilo Batista, no segundo mandato de Brizola como governador do Rio (1991 a 1994), era o vice-governador, tornando-se governador em 1994 após renúncia do Brizola que deixou o cargo para concorrer à eleição presidencial.

O nível de proximidade entre eles (Brizola, Nilo e Castor) era tamanha, que Castor de Andrade e outros 13 bicheiros foram condenados a seis anos de prisão por Associação Criminosa (incluindo na denúncia 53 assassinatos) em 1993, mas neste mesmo ano Castor foi solto por um Habeas Corpus, e nos dois anos seguintes todos os outros também já estavam livres.

O negócio era pesado, mas se comparado a hoje, é comparado a roubo de balas e pirulitos.

Ao longo das décadas, a paciência da esquerda tinha sua estratégia toda bem arquitetada para urdir e dominar o país inteiro. Mudou a roupagem, novos atores, ainda que muitos estejam aí na ativa, roteiristas, enfim, basta observar o que vem acontecendo.

Sob o aspecto da linhagem estrutural da bandidolatria nos morros, favelas e comunidades do Rio de Janeiro, o salto foi gigante. Mais proteção do estado, tecnologia às mãos, armas, drogas, muito dinheiro, e um domínio sem precedentes e mais que preocupante da sociedade. E tudo com tentáculos em todo o território brasileiro e vínculos internacionais.

Apenas para ilustrar o avanço da rede criminosa, podemos citar desde os movimentos organizacionais das próprias facções - PCC e CV como detentoras do maior domínio territorial, político e econômico, até polêmicas que envolvem o próprio judiciário. Entre estes polos, há um bando de defensores do tráfico (disfarçados de defensores dos direitos humanos) e a imprensa que faz vista grossa, quando não, defende abertamente vários grupos.

É lamentável que um governo, liderado por um reconhecido marginal, consolide tudo isso através de sua gente inepta, corrupta e desqualificada.

As forças criadas neste submundo não serão fáceis de serem extintas, até porque eles são mestres para dar um passo atrás e voltar com mais força ainda.

O remédio tem que ter a dosagem pesada que elimine a infecção. Se for menos do que exige o mal, dar um placebo dá no mesmo.

Foto de Alexandre Siqueira

Alexandre Siqueira

Jornalista independente - Colunista Jornal da Cidade Online - Autor dos livros Perdeu, Mané! e Jornalismo: a um passo do abismo..., da série Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! Visite:
  http://livrariafactus.com.br

Fonte: Jornal da Cidade Online

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