Quinta, 22 de maio de 2025
O carro em questão, um BMW X1 branco avaliado em R$ 350 mil, foi encontrado na casa do filho do lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, em Brasília. À época, o veículo ainda estava registrado formalmente em nome de Thallys Mendes dos Santos de Jesus, esposa do ministro do TCU.
Documentos obtidos pela reportagem indicam que, após a operação, o veículo foi transferido para a empresa Brasília Consultoria Empresarial, da qual o lobista é sócio. A mesma empresa é apontada pela PF como instrumento de um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo entidades que operavam os descontos indevidos e o pagamento de propinas a dirigentes do INSS.
A investigação identificou repasses de R$ 31 milhões de seis entidades ao lobista entre 2023 e 2024. Desse total, R$ 9,3 milhões teriam sido redirecionados a pessoas ligadas a dirigentes do instituto, incluindo o filho do ex-diretor de Benefícios André Fidelis e o ex-diretor de Integridade Alexandre Guimarães. Também consta na investigação que Antunes teria transferido um Porsche avaliado em R$ 500 mil para a esposa do então procurador-geral do INSS, Virgílio de Oliveira Filho, que foi afastado do cargo.
Na terça-feira (20), a PF localizou mais cinco veículos de luxo atribuídos ao lobista — dois BMW, dois Porsches e um Land Rover — escondidos em uma garagem em Brasília.
Posição do ministro Jhonatan de Jesus
Em resposta às acusações, o ministro Jhonatan de Jesus afirmou que o carro foi adquirido pelo sogro, dono de uma conhecida loja de veículos em Roraima, e presenteado à sua esposa. Ele declarou que a venda para o lobista ocorreu em 2024 por R$ 350 mil, valor de tabela, e que a transação foi intermediada por um advogado conhecido da família.
“Não é que ele foi feito depois da operação. Nós entregamos o carro antes e foi pago antes de qualquer operação [da PF]. Não tinha nada que desabonasse, era um processo de venda normal”, disse.
Ele afirmou ainda que a transferência do veículo só foi formalizada após a quitação do IPVA e regularização da documentação.
Jhonatan de Jesus negou qualquer relação pessoal com Antonio Carlos Antunes e disse que não foi procurado pela PF para prestar esclarecimentos. Segundo o ministro, ele está tranquilo quanto à legalidade do negócio.
O lobista, por sua vez, também nega envolvimento no esquema criminoso e afirma que sempre atuou no mercado de venda de automóveis. De acordo com a série de reportagens, Antunes teria se beneficiado de acordos com o INSS para intermediar descontos em folha de pagamento em nome de associações de aposentados, cobrando comissões de até 27,5% sobre os valores descontados.
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