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quinta-feira, 23 de abril de 2020

Analista político da XP, Richard Back indica que Barroso tende a adiar eleições municipais

Quarta, 22 de Abril de 2020 

Foto: Reprodução / Youtube

O analista político da XP Investimentos, Richard Back, fez uma análise da situação política brasileira em meio à pandemia do novo coronavírus, e seu impacto no mercado financeiro. Back, que participou de uma transmissão ao vivo da plataforma BP Money nesta quarta-feira (22), trabalhou no Congresso Nacional, integra a corretora desde 2015. Desde então, o mercado enfrentou momentos conturbados como a decisão do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, aceitar o pedido de impeachment de Dilma Rousseff, a saída da presidente, a chegada de Michel Temer ao Palácio do Planalto, a delação de Joesley Batista, a eleição de Jair Bolsonaro e a aprovação da reforma da Previdência.

"Esse ano a gente achou que ia ficar mais sossegado. É eleição municipal, o mercado não olha tanto. A gente vai acompanhar porque é interessante, mas tributário é mais o dia a dia. É mais acompanhar a evolução. Foi a previsão mais errada que a gente fez desde o início do trabalho na XP", brincou. 

Back comentou durante a conversa com Leonardo Souza, sócio da BP Money, e André Luzbel, sócio da BP Investimentos, como a atual crise vai aumentar os desdobramentos de outros problemas, e lamentou as “polêmicas e falsas polêmicas" criadas.

Para o analista, era necessário diálogo pra lidar com as questões de forma mais assertiva. "De um lado tem o oportunismo de dizer 'tem que fechar tudo'. Do outro, não dá pro presidente vir e dizer que lotérica e igreja é essencial. Você sabe desde a peste negra que espalhou porque as pessoas se reuniram pra rezar. Então é meio óbvio".

Richard apontou ainda que atualmente o presidente não possui uma base sólida, como a que tinha o presidente Michel Temer. Mas ao mesmo tempo, há um receio sobre as posições de Bolsonaro. Por isso, mesmo com articulações como troca de cargos ou liberação de emendas, os parlamentares da sua base "às vezes estarão, às vezes não estarão" com o presidente.

"Eles não querem explodir com o Rodrigo [Maia, presidente da Câmara] porque não confiam no Bolsonaro. Isso a gente ouviu deles. Os líderes do Centrão disseram que não dá pra confiar no Bolsonaro porque ele contrata hoje e demite amanhã, na primeira pressão das redes sociais. Então eles não vão ficar atacando o Rodrigo, não vai ter uma virada na Câmara".

Durante a transmissão ao vivo, o membro da XP Investimentos ainda tratou sobre como o ministro da Economia, Paulo Guedes, perdeu força em um momento em que muito era esperado dele. Mas ainda assim vê acertos na decisão do economista. Para ele, problemas na relação com o Congresso Nacional atrapalharam a sua atuação. Foi nesse momento que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ganhou mais espaço no noticiário: "No momento que começou o coronavírus, eu pensei: vai ter destaque o ministro da Saúde, o presidente, o Paulo Guedes e mais um ou outro. Jamais imaginei que o Campos Neto fosse ter tanta relevância, por exemplo. É o presidente do Banco Central, tem sua relevância, mas não é um cara do dia a dia das pessoas. Mas ele virou popstar em alguns círculos, enquanto o Paulo Guedes diminuiu".

Ainda assim, ele crê que as medidas do Ministério da Economia são “bem intencionadas”, principalmente por exigirem uma mudança drástica no rumo das ações da pasta. "O mais difícil é uma virada de chip. Eu acho que o cara sofre com isso também. Você tá falando de reforma, corte, Estado menor, e de repente você tem que ter um Estado gigantesco pra Salvador o mundo".

Richard Back ainda comentou que cresce a chance de adiar em alguns meses as eleições municipais, para dezembro ou março. "Antes do ministro Barroso ser eleito presidente do TSE, a gente tinha falado com ele e ele já era favorável a adiar, preocupado com a logística da eleição. Você tem que montar a urna. O chipe vem de fora. Você não sabe se vai produzir o chipe. Aí você tem o protocolo de segurança, muita gente junta no mesmo lugar no centro de logística pra distribuir, pra garantir a fiscalização, em um momento em que você não pode reunir as pessoas em um lugar".

Mas ele acredita que não é interesse dos parlamentares adiar por muito tempo a disputa nas urnas. "A não ser que o coronavírus exploda aqui e seja uma situação como Milão, que aí você não tem nem o que discutir. Adia e depois vê quando marca".

Por fim, o analista falou sobre o temor de Bolsonaro com a eventual entrada do ministro da Justiça, Sérgio Moro, na política, apesar do ex-juiz não ter declarado interesse de participar do pleito. "A gente soube esses dias que ele tá morrendo de medo de uma chapa do Moro pra presidente e Mandetta pra vice. É uma chapa pra quebrar ele no meio, porque complica a vida dele. Dois ministros do governo, numa linha diferente da dele no enfrentamento da crise e que podem falar mal dele com propriedade".

Para Back, a alternativa seria “derrubar Moro” para cima, o colocando na vaga que vai abrir no Supremo Tribunal Federal (STF). Mas ainda assim, não há certeza sobre os passos do presidente.

"De repente ele quer cozinhar o Moro, dizer que vai pra segunda vaga, porque na primeira precisa compor com a base evangélica, precisa de um perfil mais conservador no STF, que não é a coisa do Moro", sugeriu, apontando qual seria a melhor opção em sua visão e quais os eventuais riscos caso Moro decidisse enfrentar Bolsonaro nas urnas.

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