Segunda, 02 de Dezembro de 2019
Foto: Reprodução/EBC
O abono salarial vem beneficiando principalmente os menos pobres. Os dados foram levantados e constam em um relatório do Tesouro Nacional divulgado essa semana sobre os gastos com benefícios trabalhistas.
O estudo aponta que 58,3% dos recursos do abono salarial pagos em 2017 foram apropriados pelos 50% menos pobres da população, que ganham mais de R$ 1.220 mensais, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O benefício foi criado para estimular a formalização no mercado de trabalho. Entre 1997 e 2017, a fatia paga aos 30% mais pobres caiu de 24% para 17%, de acordo com reportagem da Agência Brasil.
O relatório ainda revela que o abono salarial – espécie de 14º salário pago a trabalhadores com carteira assinada que ganham até dois mínimos – tornou-se um benefício mal focalizado por causa de valorização do salário mínimo. A reportagem ainda restaca que a política beneficiou os trabalhadores formais mais pobres, porém aproximou o salário mínimo do salário mediano da economia nas últimas décadas, deixando de concentrar-se na parcela mais pobre da população.
Mansueto Almeida, secretário do Tesouro Nacional, avalia que o benefício passou a ser ineficiente na distribuição de renda. “O filho de bilionário que esteja no primeiro emprego e receba entre 1 e 1,5 salário mínimo pode ter direito a abono. É a regra do benefício. Já o Bolsa Família, pelo contrário, vai de fato para mais pobres, é bem focalizado. O Bolsa Família é um programa barato, que custa cerca de 0,5% do PIB [Produto Interno Bruto]. Temos de tornar o gasto público mais distributivo”, disse Almeida ao divulgar o estudo.
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