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segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Fruto Alucinógeno pode ser alternativa contra dependência de crack, aponta estudo


Segunda, 29 de dezembro de 2014


Uma mulher afirma ter revivido todas as overdoses que teve na vida, um homem diz ter visualizado a própria morte, outras pessoas relatam reviver traumas de infância esquecidos. Esses são depoimentos de pacientes com problema de dependência química, que experimentaram ibogaína. A maioria descreve a experiência como assustadora, mas também transformadora. Entre os 75 pacientes com dependência de diferentes drogas, como cocaína, crack e álcool, 55% dos homens e 100% das mulheres ficaram livres do vício por um ano ou mais. Conduzido pela Unifesp (Universidade Federal de S. Paulo), o estudo inédito fez uso da ibogaína, substância alucinógena, extraída de uma planta africana. A pesquisa chegou a ser noticiada pela Royal Pharmaceutical Society, do Reino Unido e publicada pelo britânico The Journal of Psychopharmacology. Entre 2005 e 2013, os pesquisadores administraram o cloridrato de ibogaína, importado do Canadá, e ministrado em cápsulas. No total, 62% permaneceram abstinentes. "É um resultado extraordinário neste campo", diz Eduardo Schenberg, doutor em Neurociências (USP), que participou do estudo, juntamente com o psiquiatra Dartiu Xavier. Segundo ele, a maioria dos tratamentos convencionais não chega a 30% de sucesso. "Alguns ficam abaixo dos 10%", diz. Dados mostraram que 72% dos pacientes eram "poliusuários", ou seja, faziam uso de álcool, cigarros, maconha, cocaína e crack. "Este é um dos pontos mais inovadores, pois revela eficiência e segurança do uso clínico, médico e hospitalar da ibogaína no tratamento de usuários abusivos destas substâncias", comenta Schemberg. Parte dos pacientes tomaram ibogaína há mais de dois anos, outros há poucos meses. De acordo com o neurocientista, 25% dos pacientes tomaram ibogaína apenas uma vez, 44% tomaram duas vezes, 19% tomaram 3 vezes e uma parcela muito pequena tomou mais de três vezes. Os intervalos entre as sessões foram, sempre, de ao menos um mês, sendo frequentemente mais longos que isso. "Dez pacientes procuraram, depois da ibogaína, outros tratamentos psicológicos", afirma Schemberg.

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