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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

O INVEJOSO – DOENTE OU MALEDICENTE?

A inveja, semanticamente, é o sentimento de desgosto, pesar ou tristeza pelo bem dos outros. É a cobiça ou desejo violento de possuir o bem, a alegria ou felicidade alheia, mesmo que o invejoso os possua igualmente. A sua mente, insensível e pervertida, deturpa tudo e destila o veneno do ressentimento, mágoa e dor profunda...
Numa sociedade competitiva como a nossa, sobretudo exibicionista, patrimonialista, individualista e até cruel, o invejoso encontra campo fértil ao desenvolvimento de sua alma amargurada e insatisfeita.
De fato, no dizer de Rousseau “o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe”, isto é, industrializa o doente social.
Aliás, especialistas afirmam que todo invejoso é portador de desvio ou distúrbio de personalidade, capaz de caluniar o ser invejado e atribuir-lhe vícios infinitos. Pode trair o melhor amigo e obscurecer-lhe virtudes; destruir reputação de outrem e até mesmo praticar bem urdidos crimes de calúnia, injúria, difamação,denunciação caluniosa, fraude, roubo ou homicídio.
Não precisa de motivo para sentir inveja, porque este sentimento mesquinho é um monstro que a si mesmo se gera e de si mesmo nasce.
A Bíblia ( Êxodo, 20,17), admoesta “não cobiçarás cousa alguma que pertença ao teu próximo” e no Salmo 36 “não invejes o que prospera em suas empresas” com “ o teu olhar mau e desprezível” (Eclesiástico). 
O invejoso, procura destruir o que não pode possuir, desmentir o que não compreende e insultar, detestar e combater aos que se elevam ou simplesmente vivem em paz e de bem com a vida.
Exemplos emblemáticos de invejosos perversos, periculosos, cruéis, nefastos e perniciosos foram Caim que matou o seu irmão Abel ( o primeiro homicídio do planeta) ; Brutus que apunhalou o seu próprio pai adotivo Júlio César; Judas que entregou Jesus aos seus carrascos; Nero que com inveja do brilho intelectual do seu professor Sêneca o condenou a morte; o rei Saul que tentou matar por várias vezes o seu genro e benfeitor Davi; os irmãos de José do Egito que o venderam como escravo; O senador romano Catilina que tentou assassinar o Cônsul Marco Túlio Cícero; o grego Cylon, da Cidade de Croto, que incendiou o Instituto Pitagórico e expulsou Pitágoras da sua Cidade; e até no Reino Celestial, afirma-se, que Lúcifer foi expulso, porque, tentou destronar Geová, motivado pela cobiça.
Heródoto, em sua monumental obra História III, 425 anos antes de Cristo, afirmou “a inveja nasceu no homem desde o princípio”.
O invejoso é oscilante e pendular. Tem crises de grandeza e de inferioridade, de egolatria e de autopiedade, de sadismo e masoquismo. Sua marca registrada é não elogiar ninguém, exceto a si próprio ou a quem ele possa usar como escada aos seus propósitos diabólicos. É, em síntese, um renitente e contumaz pecador contra o segundo maior mandamento da Lei de Deus: “ama teu próximo como a ti mesmo”. Essa pobre criatura, odeia a felicidade do próximo e, via de conseqüência, renega a sua própria, corroída pela mesquinharia e competitividade imaginária. 
Vasculha, com interesse mórbido, a vida alheia, buscando detalhes mínimos da vida profissional e familiar da pessoa visada, a fim de maldizer o seu sucesso e divulgar as suas possíveis fraquezas e desacertos.
Aos que ficam felizes com o sucesso dos outros ou os que sofrem a perseguição dos invejosos, resta um consolo nas palavras sábias de Alcalá Zamora: “os ataques da inveja são os únicos em que o agressor preferiria, se pudesse, fazer o papel de vítima”.
Assim, aleluia as pessoas normais e piedade a essas reles e doentes criaturas injetadas pela toxina autodestruidora da inveja e do complexo de inferioridade.

*Adalberto Targino,  é Advogado Criminalista, ex-Professor de Ética e membro da Academia Brasileira de Ciências Morais e Políticas.


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