Quinta, 10 de abril de 2025
A guerra econômica entre Estados Unidos e China não dá sinais de trégua. Pelo contrário: está escalando — rápido. Após o governo americano impor tarifas de até 104% sobre veículos elétricos chineses, Pequim não apenas se recusou a ceder, como mantém firmes suas contra-taxas sobre produtos americanos, sugerindo que está pronta para levar o embate até as últimas consequências.
O reflexo veio com força: o yuan despencou ao menor nível em 16 meses, chegando a 7,34 por dólar. A moeda chinesa escorrega em meio ao medo de investidores, à fuga de capitais e à crescente percepção de que o “dragão vermelho comunista” já não tem mais o mesmo fôlego econômico. O Banco Central chinês tenta conter o colapso cambial com intervenções artificiais, mas os sinais de fragilidade são cada vez mais difíceis de esconder.
A situação interna só piora: crise imobiliária sem fim, deflação, desaceleração do consumo, fábricas migrando para Índia, Vietnã e México. Em vez de reconhecer o abalo, Pequim dobra a aposta — e convoca sua cúpula econômica para um pacote de emergência que promete mais estímulo, menos transparência e zero autocrítica.
Enquanto isso, Donald Trump reativa alianças estratégicas com Taiwan, Japão e Coreia, irritando profundamente o regime de Xi Jinping. Para Pequim, isso não é só uma provocação comercial — é uma afronta geopolítica e uma ameaça à soberania. A tensão ultrapassa o campo econômico e avança perigosamente em direção a um cenário de confronto diplomático.
Estamos assistindo ao início de uma nova Guerra Fria — só que agora em ritmo acelerado e com armas econômicas mais letais.
E quando o motor da globalização entra em colapso, o impacto não para em Pequim - Ele impacta cadeias de produção, mercados financeiros e decisões estratégicas em todos os continentes.
Karina Michelin. Jornalista.
Fonte: Jornal da Cidade Online
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