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sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Aposta internacional de Lula, acordo Mercosul-UE fica em banho-maria

Sexta, 08 de dezembro de 2023

Foto: Sérgio Lima

Fracassou a principal iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no plano internacional. O acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia não será assinado em 2023, como desejava o presidente brasileiro.

Negociado há 23 anos, a conclusão das negociações foi sobrestada depois de o presidente da França, Emmanuel Macron, ter dito ser contrário ao acordo, e de Javier Milei vencer a corrida para a presidência da Argentina.

Em um breve comunicado conjunto (leia a íntegra abaixo), divulgado nesta 5ª feira (7.dez.2023) durante a 63ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, os 2 blocos dizem estar “engajados em discussões construtivas” e que esperam “alcançar rapidamente” um acordo.

Segundo o Poder360 apurou, o governo brasileiro avalia que as negociações podem avançar ao longo dos próximos 3 meses, mas admite-se que haverá dificuldades que podem ser intransponíveis.

“Nos últimos meses, registaram-se avanços consideráveis. As negociações prosseguem com a ambição de concluir o processo e alcançar um acordo que seja mutuamente benéfico para ambas as regiões e que atenda às demandas e aspirações das respectivas sociedades”, diz o texto do comunicado.

No discurso de abertura da 63ª Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul, realizada no Rio, Lula lamentou não poder anunciar a conclusão do acordo durante a presidência temporária do Brasil no Mercosul.

“Confesso a vocês que eu tinha um sonho de que, na minha Presidência e de Pedro Sánchez [presidente do governo da Espanha e presidente temporário da União Europeia] a gente pudesse concluir [o acordo Mercosul-UE]. Eu inclusive tinha feito o convite para ele [Sánchez] vir aqui. Eu achava que a gente merecia. Já participei de muitas reuniões e nunca saio desanimado. Saio com a ideia de que na próxima a gente consegue fazer”, disse.

A principal razão para o acordo ter sido enterrado por ora foi a reclamação de parte dos países europeus a respeito de como o setor agrícola brasileiro produz. Há acusações de práticas destrutivas ao meio ambiente para ter mais produtividade, o que colocaria os agricultores europeus em situação de desigualdade competitiva.

O presidente da França, Emmanuel Macron, foi o líder da União Europeia que mais vocalizou a oposição ao acerto com o Mercosul. Afirmou que o tratado em discussão é “antiquado”.

“Eu sou contra o acordo Mercosul-União Europeia. É um acordo completamente contraditório com o que ele [Lula] está fazendo no Brasil e com o que nós estamos fazendo […] Esse acordo, no fundo, não leva em conta a biodiversidade do clima”, declarou.

Do lado sul-americano, as exigências ambientais feitas pelos europeus não foram aceitas. O Brasil deixa a presidência do Mercosul depois da cúpula do bloco no Rio, nesta 5ª feira. Quem assume é o Paraguai, que já afirmou que não seguirá com as negociações.

Em discurso na abertura da cúpula, Lula fez um apelo ao presidente paraguaio, Santiago Peña, pela continuidade das negociações com os europeus. “Eu acho, Peña, quando você assumir a presidência, não desista nunca, cara! Teime, brigue e converse porque é assim mesmo”, disse.

Poder 360

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