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terça-feira, 7 de abril de 2020

Trump faz acordo e 3M poderá exportar máscaras ao Brasil

Terça, 07 de Abril de 2020


Profissional da saúde participa de protesto por equipamentos de proteção adequados Foto: BRYAN R. SMITH / AFP

O governo dos Estados Unidos chegou, na segunda-feira, a um acordo com a 3M, uma das maiores produtoras de artigos hospitalares do mundo, permitindo que a empresa continue a exportar máscaras para a América Latina e o Canadá, algo que um decreto do presidente Donald Trump buscou suspender. Aliviando as tensões entre a companhia e a Casa Branca, o pacto prevê a importação de 166,5 milhões de máscaras nos próximos meses.

Anunciado durante a entrevista coletiva diária da força-tarefa do governo americano, o acordo estabelece que a 3M importará 55 milhões de máscaras ao mês por três meses, vindas majoritariamente de sua fábrica na China. As remessas serão somadas à produção doméstica da empresa nos EUA, que foi aumentada para 35 milhões ao mês e deverá crescer ainda mais. A multinacional, por sua vez, ficará livre para continuar a vender os equipamentos produzidos nos EUA para outros mercados, entre eles o canadense e o latino-americano.

— Posso anunciar que hoje chegamos a um acordo amigável com a 3M para a entrega de 55 milhões de máscaras adicionais, a cada mês, de alta qualidade — disse Trump, afirmando que “a saga 3M” terminará de maneira “muito feliz”.

Os detalhes foram confirmados horas depois pela 3M, que disse compartilhar “os mesmos objetivos” da Casa Branca de fornecer máscaras para os americanos “e combater criminosos que buscam tirar vantagem da crise atual”. O executivo-chefe da empresa, Mike Roman, disse ainda que sua companhia “continuará a trabalhar com governos para direcionar máscaras e outros utensílios para as áreas mais necessitadas”.

Um dos carros-chefe da multinacional, as máscaras N95 são essenciais para aqueles que estão na linha de frente do combate ao vírus, sendo capazes de filtrar 95% das partículas transportadas pelo ar. Muitos países, no entanto — entre eles os EUA — descobriram tardiamente que não tinham estoque suficiente do produto para lidar com a pandemia.

Lei de guerra

Apesar de uma relação inicialmente amistosa entre a 3M e a Casa Branca — o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, chegou a visitar a sede da empresa no início da crise — os impasses se acentuaram no último dia 2. Na ocasião, Trump invocou a Lei de Produção de Defesa, uma legislação de guerra criada em 1950, para acelerar o ritmo de fabricação de máscaras, respiradores e equipamentos hospitalares.

Uma segunda parte do decreto, no entanto, obrigava a 3M a suspender as exportações dos produtos, hoje destinados majoritariamente para os mercados da América Latina e do Canadá. A empresa questionou a decisão, apontando para “implicações humanitárias significativas decorrentes da suspensão do fornecimento” para estes países, dos quais “são fornecedores críticos”.

“Ao se suspenderem as exportações de máscaras produzidas nos EUA, outros países poderão retaliar e fazer o mesmo, como já fizeram. Se isso ocorrer, o número de máscaras disponíveis para os EUA diminuiria na prática. É o oposto do que nós e o governo, em nome do povo americano, queremos”, disse na ocasião.

Conforme se tornaram epicentro da Covid-19, os EUA assumiram protagonismo na disputa global por equipamentos médicos. Após uma pausa nas disputas comerciais com a China, os americanos fecharam um acordo para a compra de luvas, máscaras e roupas de proteção que serão transportadas em ao menos 20 voos fretados. Países como Brasil, França e Canadá, no entanto, viram suas encomendas canceladas. No caso do país europeu, os americanos chegaram a oferecer três vezes mais pelos utensílios.

O Globo

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