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quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Bolsonaro confirma que pretende classificar Hezbollah como organização terrorista

Quarta, 21 de Agosto de 2019


Foto: Jorge William / Agência O Globo

O presidente Jair Bolsonaro confirmou nesta terça-feira que pretende declarar o movimento xiita libanês Hezbollah como uma organização terrorista . A ideia, contudo, não é unanimidade dentro do governo. A declaração ocorreu após o Paraguai classificar dessa forma o grupo na segunda-feira, depois de a Argentina o fazer em julho.

— Pretendo fazer isso daí. São terroristas — afirmou Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada, ao ser questionado sobre a possibilidade.

Bolsonaro disse que não vê risco de a decisão tornar o Brasil alvo de ataques, já que, de acordo com ele, existem integrantes de grupos terroristas no país:

— Existe informação de que têm pessoas deles por aqui também. Tríplice Fronteira, nos grupos de crime organizado. Eles são unidos. Podem não ser muito organizados, mas são unidos.

O Hezbollah é um misto de milícia, organização social e partido político, com assentos no Parlamento do Líbano e participação no governo do país árabe. Por sua atuação na defesa do Sul do Líbano de ataques de Israel, o grupo também é considerado terroristas pelo Estado judeu. Alguns países europeus classificam como terrorista apenas sua ala militar, e China e Rússia não aderiram à classificação, que nunca foi endossada pelas Nações Unidas.

De acordo com fontes ouvidas pela agência Bloomberg, a medida não seria facilmente implementável devido às particularidades da lei brasileira. A ideia, entretanto, faz parte dos esforços de Bolsonaro para criar vínculos mais fortes com o presidente do Estados Unidos, Donald Trump, com quem também busca fechar um acordo comercial, além de se encaixar nas visões de mundo do presidente brasileiro e de seu círculo mais próximo.

Durante a campanha presidencial do ano passado, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), cotado para se tornar embaixador brasileiro em Washington, já havia defendido uma posição mais dura contra o Hezbollah e o palestino Hamas. Na segunda-feira, no Twitter, o deputado disse que “essa questão do Hezbollah envergonha o Brasil no exterior. Temos que mudar essa realidade o quanto antes. Desconheço argumentos plausíveis que justifiquem considerar o grupo terrorista Hezbollah como partido político”.

Ainda assim, classificar o Hezbollah como uma organização terrorista poderá dificultar as relações de Brasília com o Irã, aliado do movimento xiita que importa cerca de US$ 2,5 bilhões (aproximadamente R$ 10 bilhões) por ano em produtos brasileiros, e com a influente comunidade libanesa do Brasil. Membros do governo temem que a medida transforme o país em alvo de terroristas.

Uma decisão poderá ser anunciada antes de outubro, quando Bolsonaro visitará os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita, rivais do Irã e do Hezbollah.

Na segunda-feira, o Itamaraty disse que não considera o Hezbollah uma organização terrorista e que não tem planos de rever esse status. O Gabinete presidencial, o Ministério da Justiça e a Polícia Federal, responsável pelo cumprimento das leis antiterror, se recusaram a comentar.

Atualmente, o Brasil só considera como terroristas grupos que receberam tal designação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, como a al-Qaeda e o Estado Islâmico. Pela lei do país, o governo pode barrar a entrada, prender e congelar os bens de suspeitos de fazerem parte desses movimentos.

O Globo

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